Porto, 11 Jun (Lusa) - O presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, criticou hoje o funcionamento do sistema judicial, denunciando o número de vezes que tem sido chamado a depor no Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) e constituído arguido.
"Não é normal o que se está a passar, quando o presidente da segunda maior câmara do país está permanentemente a ser constituído arguido e está com termo de identidade e residência quase desde que tomou posse", afirmou Rui Rio, em declarações à Lusa.
O autarca frisou que não se sente perseguido, mas frisou que "desta forma, o sistema judicial tem muita dificuldade em funcionar".
Rui Rio falava à Lusa poucos minutos depois de ter abandonado as instalações do DIAP, onde esteve a depor num processo que lhe foi movido pelo Sindicato Nacional dos Bombeiros Profissionais, que o acusa de difamação.
Na origem deste processo está o afogamento de um jovem, no rio Douro, a 13 de Julho de 2006.
"Na altura, os bombeiros disseram que o jovem morreu afogado por força dos cortes nas horas extraordinárias e da reorganização que houve no Batalhão de Sapadores Bombeiros (BSB). Diziam que se não tivesse havido essa reorganização, se teria poupado essa vida", salientou Rio.
O presidente da Câmara do Porto referia-se a um conturbado processo de reorganização interna do BSB que teve como objectivo reduzir substancialmente o número de horas extraordinárias, o que envolveu alterações nos turnos de serviço.
O autarca recordou que, na resposta às acusações dos bombeiros, considerou ser "lamentável o aproveitamento de uma desgraça para reivindicações laborais".
"Na altura, dissemos que havia um aproveitamento (do acidente para) a luta sindical", salientou.
O sindicato considerou que houve difamação e moveu uma queixa-crime contra o autarca, de que resultou hoje, nas palavras de Rui Rio, "mais um termo de identidade e residência".
Rui Rio lamentou toda a situação, recordando que era impossível os bombeiros terem chegado ao local a tempo de salvar a vítima e, muito menos, que os mergulhadores conseguissem alcançar o jovem em tempo útil.
"Segundo um parecer do Instituto de Medicina Legal, um afogado tem que ser socorrido num espaço de mais ou menos quatro minutos para poder ser salvo. Todos sabem que os bombeiros precisam de tempo para chegar ao local e que os mergulhadores, normalmente, retiram cadáveres, não vão salvar a vida das pessoas", afirmou.
O autarca considerou ser impossível que os bombeiros conseguissem chegar da Rua de S. Dinis, onde se encontravam quando foram chamados, ao rio Douro em menos de quatro minutos.
FR.