Risco de incêndio. Autoridades alertam para "quadro muito exigente" nos próximos dias

por Carlos Santos Neves - RTP
“Pese embora estas melhorias das últimas horas, o quadro é muito exigente e não podemos relaxar”, advertiu José Luís Carneiro ao início da noite de quarta-feira Ana Serapicos - RTP

“Toda a atenção e todas as cautelas”. É este o apelo deixado pelo ministro da Administração Interna face ao que descreve como um “quadro muito exigente” em matéria de risco de incêndios florestais. Quase 60 concelhos do interior norte e centro e do Algarve estão esta quinta-feira em perigo máximo, de acordo com Instituto Português do Mar e da Atmosfera.

“Pese embora estas melhorias das últimas horas, o quadro é muito exigente e não podemos relaxar”, afirmou José Luís Carneiro ao início da noite de quinta-feira, em conferência de imprensa na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, ao lado da secretária de Estado da Proteção Civil, Patrícia Gaspar, do comandante nacional, André Fernandes, e do presidente da ANEPC, Duarte Costa.

A melhoria dos níveis de humidade, observou o ministro da Administração Interna, ajudou entretanto os bombeiros no combate aos incêndios. Todavia, as temperaturas previstas para estas quinta e sexta-feira, combinadas com ventos de 40 quilómetros por hora, potenciam o risco de incêndios.
“Isto significa que é necessário manter toda a atenção, todas as cautelas, e que se mantêm especialmente válidas as recomendações para todo o cuidado no uso do fogo e para que se evite uso de máquinas agrícolas e florestais em locais de especial risco de incêndio”, quis salientar José Luís Carneiro, para acrescentar, adiante, que o verão terá alterações bruscas das temperaturas o que poderá levar o país a “viver momentos difíceis”.O ministro da Administração Interna reiterou que a decisão de não declarar, por agora, a situação de alerta por causa dos incêndios pode ser revista em função do evoluir do quadro.


Ao cabo de cinco dias, os bombeiros dominaram na quarta-feira de manhã o incêndio que deflagrou em Odemira e alastrou a concelhos vizinhos. Referindo-se a este desfecho, titular da pasta da Administração Interna assinalou a ausência de vítimas mortais, apontando que este foi um fogo que chegou a consumir 1.200 hectares numa hora.

“Isto mostra a intensidade, a violência, destes incêndios extremos que estamos a viver. Manter-se-á o esforço de consolidação do trabalho de rescaldo. Manteremos nos próximos dias mais de mil operacionais nomeadamente para debelar e consolidar os esforços de rescaldo deste incêndio que lavrou nos últimos dias em Odemira”, vincou.

Na última noite, mantinham-se, de resto, no terreno 1.015 operacionais, 315 veículos e 13 meios aéreos para um rescaldo que impunha “ainda muito trabalho, muito esforço”.

“A estratégia e o que são as prioridades ainda no terreno são de facto evitar e manter o incêndio dominado. Estamos já numa fase de operações de rescaldo e consolidação do rescaldo e importa fazer esta monitorização e acima de tudo, agora com esta rotação do vento para norte, em que o incêndio, se reativar, poderá entrar na serra de Monchique, esta é a prioridade máxima. Neste momento continuamos os trabalhos no terreno, com as equipas dos diferentes agentes de Proteção Civil”, explicou, por sua vez, o comandante nacional André Fernandes.

Questionado sobre a origem dos incêndios dos últimos dias, José Luís Carneiro fez notar que há “várias investigações em curso”, por parte da Guarda Nacional Republicana e da Polícia Judiciária, enfatizando que foi reforçado o patrulhamento conjunto entre a GNR e as Forças Armadas.
Perigo máximo no interior norte e centro e Algarve

A situação de perigo máximo de incêndio recai esta quinta-feira nas regiões do interior norte e centro e do Algarve. Segundo o Instituto do Mar e da Atmosfera, estão em perigo máximo perto de 60 concelhos nos distritos de Bragança, Vila Real, Guarda, Castelo Branco, Portalegre, Santarém e Faro.

Em perigo muito elevado estão cerca de 80 concelhos dos distritos de Faro, Beja, Portalegre, Castelo Branco, Santarém, Leiria, Coimbra, Aveiro, Guarda, Viseu, Porto, Vila Real e Braga.

em perigo elevado encontra-se a quase totalidade da região do Alentejo, cinco concelhos algarvios, sete no distrito de Lisboa, três no de Santarém, quatro em Leiria, seis em Aveiro, dois em Coimbra, cinco no Porto, em Vila Real, três em Braga e um em Viana do Castelo.São cinco os níveis de risco de incêndio determinado pelo IPMA: vão de reduzido a máximo e o cálculo é obtido a partir da temperatura do ar, humidade relativa, velocidade do vento e quantidade de precipitação nas últimas 24 horas.


Para esta quinta-feira o IPMA prevê uma descida da temperatura mínima, em especial no interior, e uma pequena subida da temperatura máxima no litoral da região Sul, sendo acentuada no sotavento algarvio. O vento será de noroeste durante a tarde, apresentando-se por vezes forte na faixa costeira a sul do Cabo Espichel.

As temperaturas mínimas oscilam entre os 14º Celsius, em Bragança, Vila Real, Guarda e Viseu, e os 22ºC, em Faro. As máximas variam entre os 24ºC, em Viana do Castelo, e os 38ºC, em Faro.

c/ Lusa
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