Resposta à providência cautelar. Governo invoca interesse público para justificar requisição do Zmar
O Governo apresentou na segunda-feira a resolução fundamentada relativamente à providência cautelar contra a requisição civil do Zmar. No documento, o Executivo invoca razões de interesse público para justificar a requisição civil.
“Foram todos alojados na chamada Ala Norte, em cabanas que não estão abrangidas por nenhum dos contratos de utilização temporária de alvéolo a que fazem referência os requerentes da providência cautelar, sendo antes propriedade não onerada da Multiparques a Céu Aberto, S.A.”, lê-se no documento ao qual a RTP teve acesso.
É ainda referido que foram analisadas “eventuais alternativas” ao Zmar, mas concluíram que “não existiam nem existem, em todo o distrito de Beja, infraestruturas aptas a responder a este tipo de necessidade”. “As autoridades concluíram pela inexistência de outros complexos hoteleiros, ou outras alternativas habitacionais que, nas freguesias em questão, pudessem acomodar a necessidade urgente de alojamento daqueles trabalhadores dentro do perímetro definido para a cerca sanitária, evitando-se assim deslocações de trabalhadores para fora desse território”, explica a resolução.
No entanto, “tendo em conta as particularidades geográficas, populacionais e sócio laborais dessas duas freguesias, decidiu-se igualmente, a 29 de abril, determinar a requisição civil dos terrenos e direitos a eles relativos que compõem o empreendimento ZMar Eco Experience”, explica o Executivo, justificando com a necessidade de evitar a “concentração excessiva” de trabalhadores imigrantes, “muitos deles nas mesmas habitações, grande parte das quais sem a dimensão ou condições de salubridade adequadas para garantir, sequer minimamente, o distanciamento físico entre infetados e não-infetados”.
“Na base da emissão dessa decisão de requisição civil estiveram — e continuam a estar — fortes e manifestas razões de interesse público, as quais correspondem à concretização dos deveres do Estado de defender a vida, a integridade física e a saúde de todos os portugueses e estrangeiros residentes em território nacional”, defende o Governo.
Na sexta-feira, o STA notificou o Governo e deu dez dias para a reposta, que foi enviada esta segunda-feira.