A Estratégia Nacional para o Envelhecimento Ativo e Saudável 2017-2025 (ENEAS) é entregue esta segunda-feira ao secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo. O relatório, que levou mais de um ano a elaborar, pretende fazer face aos problemas de integração dos idosos, que já representam mais de 20 por cento da população portuguesa.
O documento procura fazer frente a um envelhecimento populacional assente no estigma, isolamento e dependências da camada idosa, tendo em conta as “três componentes fundamentais no conceito de qualidade de vida nas pessoas idosas”, nomeadamente, o bem-estar financeiro, a saúde e o suporte e integração sociais.
Entre as várias propostas para direcionar o país para o cuidado e integração dos idosos, estão a “criação de um programa de vigilância de saúde de pessoas idosas”, com avaliações regulares a pessoas a partir dos 50 anos e um “diagnóstico compreensivo aos 65 anos”.
No que diz respeito a ambientes físicos que garantam a segurança, entende-se que “a circulação de autocarros com pisos rebaixados” se generalize de forma gradual, bem como a implementação de uma avaliação a todas as pessoas idosas nos Cuidados de Saúde Primários, para despiste de sinais de violência, pelo menos uma vez por ano.
Outra das medidas que visa aumentar a segurança dos idosos é a criação de semáforos com temporizador e de passeios desimpedidos devidamente pavimentados. Estas são apenas algumas das 33 medidas esta segunda-feira entregues ao Governo.
São quatro os eixos estratégicos da Estratégia Nacional para o Envelhecimento Ativo e Saudável 2017-2025, que visam implementar intervenções no sistema de saúde, social e outros.
Estes eixos assentam na “saúde”, com o objetivo de “controlar o agravamento e impacto das doenças crónicas”; na “participação”, com atividades que integrem os idosos na sociedade; na “segurança”, através da promoção do bem-estar e segurança dos mais velhos; por último, na “medição, monotorização e investigação”, através do levantamento de necessidades, do desenvolvimento de investigação na área do envelhecimento e vida saudável e da disseminação de boas práticas e da inovação.
O idadismo, discriminação em razão da idade, encontra-se enraizado na sociedade portuguesa, indica o relatório da OMS.
Esta discriminação impede o envelhecimento ativo e saudável, difundindo “o abuso, o acesso limitado ou tratamento diferenciado no acesso a serviços, reduzidas oportunidades de trabalho e de formação profissional, falta de condições e técnicos nas residências/lares, reduzida cobertura de apoio domiciliário, a invisibilidade ou representações estereotipadas na comunicação social, acessibilidade reduzida, entre outros”.O envelhecimento populacional em Portugal
Em 2015, segundo o Serviço Nacional de Saúde (SNS), pessoas com 65 ou mais anos residentes em Portugal representavam mais de um quinto da população, enquanto a camada etária mais jovem reduzia de forma progressiva. Esta transformação do envelhecimento populacional tem vindo a desconfigurar a tradicional pirâmide invertida.
Segundo a projeção do INE para 2035, a tendência da pirâmide invertida ficará cada vez mais acentuada. Assim, a “população poderá variar entre 9,4 milhões no cenário baixo e 10,4 no cenário alto”. O aumento da população idosa no cenário alto é maior, “efeito de uma maior longevidade conjugada com saldos migratórios positivos nos anos antecedentes, assim como a redução e envelhecimento da população em idade ativa e das mulheres em idade fértil”.
A população idosa, em 2080, poderá atingir 3,3 milhões de pessoas no cenário alto e 2,5 milhões de pessoas no cenário baixo. De qualquer dos modos, um efeito é visível: o envelhecimento populacional. “O acréscimo [da população] mais acentuado no cenário alto resulta, sobretudo, de um maior aumento da esperança de vida considerado neste cenário”, revelam os dados de 2015 do Instituto Nacional de Estatística.
O pico da população idosa acontecerá na década de 40, para de seguida começar a decrescer. Este fator verifica-se, segundo revela o INE, porque nesta faixa etária entram “gerações de menor dimensão, nascidas já num contexto de níveis de fecundidade abaixo do limiar de substituição das gerações”.
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