Reino do Pineal. Autoridades efetuam buscas a seita religiosa após morte de bebé

por RTP
O bebé de 13 meses morreu no ano passado e foi cremado nos terrenos desta comunidade. Paulo Novais - Lusa

Foi desencadeada esta terça-feira uma operação conjunta da PJ, da GNR, do SEF e do Tribunal de Menores que visa a seita religiosa Reino do Pineal. As autoridades estão a realizar buscas e a avaliar as circunstâncias em que morreu um bebé na comunidade, assim como as condições de segurança em que estarão outras três crianças. Não estão previstas detenções.

“A Polícia Judiciária, através da Diretoria do Centro, no desenvolvimento das investigações em inquérito do DIAP de Coimbra, está a realizar buscas domiciliárias e não domiciliárias na área do concelho de Oliveira do Hospital, por referência à comunidade autodesignada por Reino do Pineal”, escreve a PJ em comunicado.

“Estas diligências visam o esclarecimento do circunstancialismo que determinou a morte de uma criança com cerca de um ano de idade, ocorrida em 2022, bem como factualidade associada”, acrescenta.O bebé de 14 meses morreu no ano passado e foi cremado nos terrenos desta comunidade, instalada em Seixo da Beira, Oliveira do Hospital. O menino nunca terá sido registado.

Akbal Pinheiro, pai da criança e líder desta seita, disse em julho à RTP que procurou assistência médica para a criança, mas o que foi proposto entrava em conflito com as suas crenças.

O líder do Reino do Pineal admitiu, na altura, entregar às autoridades os documentos sobre o nascimento e a morte do filho.

A operação levada a cabo esta terça-feira envolve "investigadores e peritos da PJ, Autoridades Judiciárias e conta com significativo apoio da GNR, do SEF e com a participação de entidades da Segurança Social e da Saúde".
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Em julho, o diretor da PJ do Centro, Jorge Leitão, tinha já confirmado que iriam ser investigadas as circunstâncias que levaram à morte de uma criança naquela comunidade.

"A investigação visa averiguar se poderá existir atividade criminal na morte de uma criança, nomeadamente o crime de exposição ao abandono, agravado com o resultado de morte", referiu.

Uma fonte do Ministério Público de Coimbra disse, por sua vez, que o inquérito relacionado com a morte da criança acabou por ser apenso a um outro relacionado com o Reino do Pineal, que tinha sido iniciado em fevereiro de 2022, após a Câmara de Oliveira do Hospital ter reportado "um conjunto de situações" às autoridades.

Em causa estará "a alegada construção de equipamentos de forma irregular", bem como "festas que ali ocorriam e poderão estar relacionadas com tráfico de droga", além de "eventuais burlas, relacionadas com donativos de membros da comunidade".
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