Quase 300 voos cancelados devido à greve da Groundforce e domingo pode piorar

por RTP
A greve da Groundforce cancelou quase 300 voos em Portugal no sábado dia 17 de julho de 2021 Pedro A. Pina - RTP

O caos instalou-se no aeroporto Humberto Delgado em Lisboa, devido à greve da Groundforce, com centenas de passageiros em filas ou sentados no chão após o cancelamento de 276 voos, dos quais 242 em Lisboa, segundo a ANA -Aeroportos de Portugal.

Domingo não haverá serviços mínimos e a confusão poderá ser ainda pior, como alertou o presidente da comissão executiva da ANA.

"Devido à greve nos serviços de handling da Groundforce, foram cancelados, até ao momento, no aeroporto de Lisboa, 107 chegadas e 135 partidas", adiantou fonte oficial da gestora das infraestruturas.

Foram também canceladas nove chegadas e nove partidas no Aeroporto do Porto, três chegadas e três partidas no Aeroporto de Faro, duas chegadas e duas partidas no Aeroporto da Madeira e também duas chegadas e duas partidas no Aeroporto do Porto Santo.

A TAP fala em milhões de euros de prejuízos.
Grounforce desafia TAP
A Groundforce avançou que a greve de hoje dos seus trabalhadores levou ao cancelamento de mais de 300 voos e desafiou a TAP a pagar à empresa "o que lhe é devido pelos serviços prestados".

"A Groundforce não é indiferente aos transtornos causados por esta greve e reitera que bastaria que a TAP pagasse o valor em dívida pelos serviços já prestados pela Groundforce para que os salários fossem regularizados", adiantou a empresa de handling em comunicado.

"Quem está na condição de devedor é a TAP, que, no total, deve já 12 milhões de euros de faturação emitida", adiantou ainda a Groundforce, que garantiu que, na manhã de hoje, enviou uma carta à transportadora aérea "dando o seu acordo para que a transferência de cinco milhões de euros fosse feita, a título de adiantamento, e a greve suspensa".

A ANA solicita aos passageiros com voos marcados para domingo, que se informem sobre o estado dos mesmos, antes de se deslocarem para o aeroporto.
Sem informações
Apesar dos apelos, os passageiros com voos cancelados deslocaram-se este sábado ao aeroporto e queixavam-se da falta de informação das companhias aéreas. Entre o desespero, exigiam soluções.

Uma das questões mais levantadas pelos passageiros que se encontram no aeroporto prende-se com os testes à covid-19 exigidos aos viajantes. Carlos, no aeroporto desde as 05:00 para apanhar um voo da Lufthansa com destino a Oslo, na Noruega, que só vai acontecer na segunda-feira, disse à Lusa que a validade do seu teste estava quase a acabar.

"O teste vai acabar o prazo daqui a bocado, agora tenho de informar-me quando é que vou fazer o outro teste. Tenho de pagar 100 euros, já tinha pago 100 euros e agora vou ter de pagar outros 100. Quem é que se responsabiliza? Ninguém. Tenho de trabalhar segunda-feira e não vou chegar a tempo", lamentou.

A TAP anunciou que vai abrir na madrugada de domingo os laboratórios de testes PCR, a partir das 4h00, para responder à perda de validade dos certificados. Vai igualmente pagar até 80 euros por dormida a quem tenha de alugar quarto em hotel para pernoitar em Lisboa.

A perda de ligações a outros voos é outra das críticas, tal como a falta de alternativas.

A seleção portuguesa de andebol e outros atletas olímpicos foram apanhados na confusão logo durante a manhã. Acabaram por ter de viajar de autocarro.
O Comité Olímpico português em comunicado anunciou que, "em sequência dos constrangimentos previstos para amanhã, 18 de julho, nos aeroportos nacionais, serão canceladas todas as partidas de atletas previstas para este domingo".

"Os atletas têm partida prevista para 19 de julho, e oportunamente enviaremos os novos horários de voo", acrescentou.
Próximas paralisações
O Sindicato dos Técnicos de Handling de Aeroportos (STHA) convocou a greve como protesto pela "situação de instabilidade insustentável, no que concerne ao pagamento pontual dos salários e outras componentes pecuniárias" que os trabalhadores da Groundforce enfrentam desde fevereiro de 2021.

A adesão nos aeroportos Humberto Delgado em Lisboa e Sá Carneiro no Porto ronda quase 100 por cento.

Apenas estão a ser afetados voos das "companhias de bandeira", como a TAP.

A paralisação vai prolongar-se pelos dias 18 e 31 de julho, 01 e 02 de agosto, o que levou a ANA a alertar para constrangimentos nos aeroportos nacionais, cancelamentos e atrasos nos voos assistidos pela Groundforce, nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro, Funchal e Porto Santo.

Além desta greve, desde o dia 15 de julho que os trabalhadores da Groundforce estão também a cumprir uma greve às horas extraordinárias, que se prolonga até às 24:00 do dia 31 de outubro de 2021.

A Groundforce é detida em 50,1% pela Pasogal e em 49,9% pelo grupo TAP, que, em 2020, passou a ser detido em 72,5% pelo Estado português.

A 9 de julho último os aeroportos portugueses viveram igualmente horas de caos, devido à greve dos Serviços de Estrangeiros e Fronteiras.

Com Lusa
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