Quarenta credos e religiões juntos em Braga numa mensagem de paz e acolhimento

por Lusa

A freguesia de Priscos, em Braga, recebe, entre hoje e sábado, representantes de cerca de 40 credos e religiões, numa iniciativa que pretende transmitir uma mensagem de acolhimento e de paz e contrariar os crescentes discursos de ódio.

Trata-se da "Aldeia das religiões", que transforma Priscos numa espécie de capital de ecumenismo, juntando num acampamento representantes da quase totalidade das igrejas e confissões existentes em Portugal.

"Num país em que cada vez mais vão surgindo discursos carregados de violência e de ódio, queremos fazer ver que respeitar as diferenças é a única forma de viver em paz", disse o pároco de Priscos, João Torres, mentor da iniciativa.

Para João Torres, acolher é a palavra que se impõe.

"Devemos contemplar o rosto do outro não como estrangeiro mas como irmão", apelou.

Num descampado em Priscos, foram montadas 12 tendas, para que cada religião se possa dar a conhecer.

Há uma tenda comum, minimalista, sem qualquer símbolo religioso, apenas com umas almofadas no chão, dedicada à oração.

No recinto, figura também a chamada "tenda do encontro", onde será possível assistir a concertos, peças de teatro, meditações ou palestras apresentados por grupos de cada confissão.

"Nós vivemos tempos um pouco confusos, alguns discursos de ódio. Mesmo com esta questão da imigração, vieram para o nosso país uma série de crenças, de convicções religiosas, que nós desconhecemos. Então, achamos que é importante convidar as pessoas a conhecer outros credos, outras formas de adorar a Deus, outras filosofias de vida, porque, quando eu conheço, eu passo a respeitar muito mais o outro", frisou João Torres.

Os representantes das várias religiões partilharão ainda as refeições, numa "mesa comum" carregada de simbolismo, já que as ementas foram pensadas para que possam ser degustadas por todos, ultrapassando as restrições inerentes a casa credo.

Em representação do hinduísmo, Rishi Mukundt sublinhou que a diversidade não colide com a unidade no objetivo.

"Tudo são caminhos para Deus", referiu.

Rishi Mukundt destacou uma frase que diz ser marcante no hinduísmo: "a verdade é apenas uma, mas o sábio fala dela de forma diferenciada".

Já Minoo Farhangmehr, da Fé Bahá`i, enfatizou que a "unidade da raça humana" é a grande mensagem da religião que professa.

"É uma mensagem que, nos dias de hoje, assume uma pertinência especial", acentuou, aludindo aos "dias conturbados" que se vivem no mundo.

Também Mahmoud, do Centro Cultural Islâmico do Porto, aludiu a uma mensagem de tolerância, que valorize "o que nos une e tenda a pôr de lado o que nos separa".

"É essa mensagem que gostaríamos que saísse daqui, destes três dias em que tantas religiões partilham experiências, práticas, espaços de oração e, até, mesa", referiu.

O mentor da iniciativa afina pelo mesmo diapasão.

"Deus está aqui, tem muitos nomes, mas está aqui, entre nós, nestes dias. Vamos falar uma linguagem comum, a linguagem do amor. Para lá dos rótulos, que nós somos muito mais que rótulos", rematou.

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