O secretário-geral do PS, José Sócrates, definiu hoje o exercício do poder como uma actividade aliciante mas considerou que a felicidade "para toda a vida" chegará quando os socialistas forem derrotados e passarem à oposição.
A seguir ao debate mensal na Assembleia da República, o primeiro-ministro e secretário-geral do PS juntou-se aos deputados socialistas num colóquio sobre a "transformação da política na era da globalização", com o filósofo espanhol Daniel Innerarity.
Sócrates falou no início do debate e no final quis falar novamente para se declarar feliz e relaxado ao escutar "um filósofo que dá uma perspectiva refrescante sobre a política" mas, ao mesmo tempo, consciente de "tudo o que se perde com o exercício do poder".
"O primeiro-ministro vai tendo algum tempo para vir a estas coisas, o que eu pensei que ele não tinha", comentou, a meio do Clube Parlamentar do PS, o deputado socialista Ricardo Gonçalves.
Prosseguindo a descrição dos seus "sentimentos", José Sócrates suscitou risos na sala quando revelou que, durante a sessão, se recordou do tempo que passou na oposição nos três anos antes de se candidatar à liderança do PS.
"Éramos deputados e tínhamos tempo para ler, para intrigar e até para falar dos outros", lembrou, acrescentando que concorda com a opinião do guitarrista dos Beatles George Harrison de que "a felicidade é abrir os jornais e não falarem de nós".
"Isto é uma coisa que nós almejamos. Só se alcança no momento supremo que é o momento da derrota. Quando formos derrotados e passarmos à condição de oposição, então seremos felizes para toda a vida", concluiu o primeiro-ministro, provocando mais risos.