As estruturas sindicais dos médicos regressaram esta sexta-feira às negociações com o Ministério da Saúde, depois de terem considerado, na véspera, insuficiente a proposta de aumentos salariais de 1,6 por cento. O que deverá obstar a um acordo a breve trecho, como deixaram claro o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, Roque da Cunha, e a presidente da Federação Nacional dos Médicos, Joana Bordalo e Sá.
Com esta proposta do Ministério da Saúde, observa o SIM, os médicos terão aumentos líquidos de 30 a 40 euros, que serão mesmo mais reduzidos para os internos. Por outro lado, a proposta que enquadra um novo modelo de dedicação em pleno ao SNS acarreta "condições altamente penosas", desde logo 300 horas de trabalho extraordinário.
"Não vemos grande possibilidade de chegar a acordo", antecipava ontem o dirigente sindical, olhando à ronda negocial. Uma posição reiterada na manhã desta sexta-feira, à chegada ao Ministério da Saúde. "Não é possível que, depois destes meses todos, depois do que está a acontecer no Serviço Nacional de Saúde, depois das dificuldades que os portugueses têm no acesso aos cuidados de saúde, haver uma proposta que, na prática, cria mais problemas do que soluções para os médicos", frisou Roque da Cunha.
"Estamos no processo negocial, vamos continuar de peito aberto e cá estaremos, no futuro, para apresentar uma contraproposta", acrescentou.
O Sindicato Independente dos Médicos mantém, por agora, as greves regionais e dos médicos internos marcadas para agosto e setembro, avisando que está nas mãos do Governo evitar estas paralisações. Para tal, o SIM reivindica uma "grelha salarial condigna".
A greve dos médicos internos está agendada para os dias 16 e 17 de agosto. Já as greves regionais têm início a 9 e 10 de agosto no centro do país e chegam ao fim a 20 e 21 e setembro a norte. Na Madeira, o Governo Regional chegou a um entendimento com as estruturas sindicais. Decorrem ainda as greves promovidas pelo SIM ao trabalho extraordinário dos médicos de família e à “produção adicional” nos hospitais, que terminam a 22 de agosto.
"Falta de respeito por médicos e utentes"
Também a Federação Nacional dos Médicos critica o facto de a tutela ter feito chegar a sua proposta de aumentos "com pouco mais de 24 horas de antecedência relativamente à reunião".
"As expectativas são muito baixas, tendo em conta todo o processo que se arrastou até agora. Estamos há 15 meses em todo este processo e foi preciso ainda mais quatro reuniões, extra-final do protocolo negocial, para nos enviarem uma proposta, a pouco mais de 24 horas desta reunião e que nos enviaram às 3h00", enfatizou à RTP, esta manhã, a presidente da FNAM, Joana Bordalo e Sá. A FNAM tenciona apresentar uma contraproposta a 1 de agosto, a coincidir com uma concentração frente ao Ministério da Saúde.
O ministro da Saúde quis reafirmar-se, na quinta-feira, comprometido com um diálogo construtivo. Manuel Pizarro sustentou, todavia, que este deve ocorrer em negociações, por oposição ao espaço mediático.
Por sua vez, a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, adiantou que a proposta remetida aos sindicatos abrange a generalização das unidades de saúde familiar modelo B e o novo regime de dedicação plena ao SNS, tidas como prioridades do Executivo.
c/ Lusa
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