Proposta a integração da Galiza na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa

por RTP
Líderes da CPLP Nacho Doce - Reuters

David Balsa, líder do Partido Socialista da Galiza, defende que esta deveria ser membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Balsa afirma que tal permitirá ganhar peso político a nível internacional, tanto à Galiza como a Portugal.

O Partido Socialista da Galiza quer que aquela comunidade autónoma espanhola integre a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) com o estatuto de observador, de modo a "impulsionar as relações políticas e económicas com a lusofonia".

"Entendemos que a Galiza tem de ter um papel junto de países irmãos de língua e cultura como Portugal, Brasil, Moçambique, Timor-Leste e também porque queremos impulsionar as relações políticas e económicas com a lusofonia", explicou à agência Lusa David Balsa, candidato do Partido Socialista da Galiza.

A entrada da Galiza na CPLP com o estatuto de observador é uma das propostas do programa eleitoral do Partido Socialista da Galiza, que a assumiu como "compromisso explícito vinculativo".

"Se ganharmos as eleições, iremos solicitar oficialmente o ingresso da Galiza na Comunidade de Países de Língua Portuguesa", acrescentou o candidato, assinalando ser esta a "primeira vez" que uma força política daquela comunidade autónoma, e que esteve a governar a Junta da Galiza, "apresenta oficialmente esta proposta no seu programa".

O estatuto de observador confere aos países que o detêm a possibilidade de participar, sem direito a voto, nas Cimeiras de chefes de Estado e de Governo, bem como no Conselho de Ministros, sendo-lhes autorizado o acesso à documentação não confidencial, podendo ainda apresentar comunicações desde que devidamente autorizados.

Segundo David Balsa, é na lusofonia que a Galiza se sente apreciada e ao lado de quem entende que as suas empresas e universidades "podem fazer intercâmbios mutuamente positivos".

"Vai ser mutuamente benéfico porque vai permitir ganhar peso político a nível internacional, tanto à Galiza como a Portugal", salientou, acrescentando que a integração da Galiza na CPLP permitirá "formalizar uma forte relação que já existe entre os dois povos".

O candidato a deputado revelou ainda ter apresentado na passada semana a proposta ao primeiro-ministro português, António Costa, que mostrou "uma boa recetividade sobre a ideia de aprofundar os laços entre a Galiza e Portugal".

Também o autarca de Santo Tirso, Joaquim Couto, membro de um grupo de socialistas do Norte que "tem uma esperança muito forte na dinâmica Galiza-Norte de Portugal", confirmou a apresentação a António Costa da proposta do partido galego que, disse, "é uma manifestação muito importante e muito interessante da aproximação" que tem sido desenvolvida nos últimos anos.

"A CPLP é um grupo que deve crescer e que deve ter cada vez maior influência", sublinhou, destacando a "coordenação dos países de expressão portuguesa a nível internacional que tem sido benéfica para todos".

São vários os países membros como observadores da CPLP, sendo eles: a Geórgia, a República da Namíbia, a Republica da Turquia, o Japão e a República da ilha da Maurícia.

O último país a integrar a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa foi a Guiné Equatorial, começando também por ser apenas um país observador, passando a integrar a comunidade como membro oficial em 2014, na X Cimeira em Díli, Timo - Leste.

A entrada deste membro foi bastante criticada, sendo considerado um país "pouco democrático" que apenas adotou a Língua Portuguesa como Língua oficial em 2007 e só o fez para poder ascender, plenamente, ao estatuto de membro permanente da Comunidade. A sua entrada foi também sujeita a condições, tais como abolir a pena de morte (que esteve até então suspensa mas não excluída) e promover o uso do Português como língua oficial, juntando-se ao Francês e ao Espanhol.

Algumas das principais críticas apontadas recaíram sobre a manipulação atribuída à Guiné Equatorial pelo facto de ser o terceiro principal produtor africano de petróleo e de ter recursos financeiros suficientes para contornar eventuais obstáculos.

c/ Lusa

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