Promotores do futuro aeroporto de Santarém teimam em avançar

por Lusa
Santarém perfila-se como substituto do aeroporto Humberto Delgado Reuters

Os promotores da construção de um aeroporto em Santarém admitem avançar com o projeto mesmo que a Comissão Técnica Independente decida por outra das opções em estudo, uma decisão a anunciar quando a conclusão da análise estratégica for conhecida.

"Se o projeto em Santarém não for selecionado pela análise estratégica, nós achamos que o projeto é tão bom, tão bom, que no dia seguinte sentamo-nos, analisamos perante as escolhas que tiverem sido tomadas e, depois, logo decidiremos se, ainda assim, proporemos às entidades, aos decisores públicos, se, ainda assim, quereríamos avançar ou não", disse o promotor do Magellan 500, Carlos Brazão, em entrevista à Lusa.

Essa é, porém, uma decisão que, conforme vincou, só será tomada após conhecida a escolha da Comissão Técnica Independente para o aeroporto, liderada por Rosário Partidário, que está a fazer a avaliação ambiental estratégica e que tem até ao final do ano para propor ao Governo uma solução para expansão da capacidade aeroportuária.

Para os promotores, foi encontrada em Santarém uma localização com "características únicas" para implementar um aeroporto, desde logo a proximidade à autoestrada A1 e à linha ferroviária do Norte, que ligam Lisboa ao Porto.

"Mais, a A1 não é uma autoestrada única, porque logo acima, para Norte, vai para Coimbra e para Leiria, logo a seguir faz a bifurcação para a A23, para Torres Novas, Castelo Branco, Covilhã, até à saída para Vilar Formoso; depois, para baixo, logo em meia dúzia de quilómetros, faz a bifurcação para a A15, para toda a zona do Oeste - Caldas da Rainha, Peniche, Ericeira, Torres Vedras -- e, aqui no mesmo sítio, faz a bifurcação para Este, para a A13; portanto, sem passar por Lisboa, pode-se ir para a Península de Setúbal, para o Alentejo, para o Sul", explicou Carlos Brazão, um aficionado da aviação comercial que fez carreira na área das Tecnologias de Informação.

Os defensores do Magellan 500 apontam ainda vantagens como a extensa área "escassamente habitada", não inundável, por se encontrar num planalto com os rios Alviela e Tejo à volta, e o facto de ser uma zona de fracos ventos.

"São condições realmente únicas, a tal ponto que, nós, encontrámos o sítio - foram meses e meses de estudo e de validação - por causa, de facto, da condicionante do contrato de concessão (entre o Estado e a ANA, que estabelece uma área num raio) de 75 quilómetros (fora da qual podem haver outras concessões), mas, hoje em dia, se nos tirassem essa condicionante, já nos fizeram a pergunta "vocês tinham escolhido um sítio mais próximo de Lisboa?" e a resposta, com certeza, seria "não", realçou Carlos Brazão.

Às críticas de quem considera que um aeroporto a 80 quilómetros de Lisboa é muito longe, os promotores respondem que "o que interessa é o tempo", apontando ser possível chegar a Lisboa em 30 minutos, o que pode ser melhorado com os desenvolvimentos na ferrovia, previstos no Plano Ferroviário Nacional.

"Os aeroportos afastam-se porque os quilómetros quadrados ao pé das cidades já não existem", sublinhou, dando como exemplos o de Oslo, na Noruega, que fica a cerca de 60 quilómetros da capital e a uma distância-tempo de 22 minutos por `shuttle` ferroviário.

Neste sentido, estão também a ser estudadas soluções, com o Grupo Barraqueiro, para que o "shuttle" de Santarém para Lisboa, com uma frequência de 15 minutos, possa continuar "através da linha de cintura e fazer a distribuição das pessoas na Grande Lisboa", através da ligação às quatro linhas de metro existentes atualmente.

Outra das vantagens apontadas pelos promotores prende-se com a capacidade para crescer até às três pistas e aos 100 milhões de passageiros, o que permite suportar um cenário em que se decida, no futuro, fechar o aeroporto Humberto Delgado e concentrar todo o movimento em Santarém, embora o modelo seja o de funcionar como um aeroporto complementar ao da Portela.

O consórcio do Magellan 500 destacou ainda a colaboração "fantástica" com as câmaras municipais envolvidas -- Santarém, Golegã, Alcanena e Torres Noves --, bem como com as comunidades intermunicipais (CIM), que poderão vir a beneficiar da criação de 820 empregos diretos por um milhão de passageiros.

Atrativo para investidores

Carlos Brazão considerou que o Magellan 500 é atrativo para investidores e afirma que "há muito dinheiro em todo o mundo disponível para investir em aeroportos, porque são infraestruturas extremamente rentáveis".

Para o responsável, o projeto do aeroporto em Santarém, mais concretamente entre as freguesias de Casével e de São Vicente do Paul, que prevê um investimento inicial entre 1.000 e 1.200 milhões de euros, é atrativo para os investidores, porque é "credível" e de "qualidade".

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