Principal testemunha do processo Casa Pia fala de Ferro Rodrigues

por Agência LUSA

O nome do antigo secretário-geral do PS Ferro Rodrigues foi hoje novamente referido no julgamento do processo Casa Pia, desta vez pelo jovem que está a depor, considerado o "braço direito" de "Bibi" e principal testemunha no caso.

Fonte ligada ao processo adiantou que o jovem, actualmente com 19 anos, declarou em tribunal que numa das vezes que foi a uma casa em Vila Viçosa com o ex-motorista casapiano Carlos Silvino da Silva ("Bibi") levar rapazes da Casa Pia, para encontros sexuais com adultos, viu lá Ferro Rodrigues.

O rapaz, que já se assumiu como "braço direito" de "Bibi" na angariação de jovens casapianos para práticas pedófilas, pediu autorização à juíza presidente do colectivo, Ana Peres, para falar no nome do antigo secretário-geral do PS, autorização que lhe foi concedida, contou a mesma fonte no final da sessão de hoje do julgamento, no Tribunal de Monsanto.

Ferro Rodrigues já tinha sido referido em julgamento pela provedora da Casa Pia, Catalina Pestana, que disse ter ouvido falar do nome do antigo líder do PS em conversas com alunos da instituição depois da descoberta do escândalo de pedofilia.

A alegada vítima, que está a depor há seis sessões, acusou ainda o ex-deputado socialista Paulo Pedroso de ter abusado sexualmente de si na casa de Elvas, propriedade da arguida Gertrudes Nunes e onde alegadamente ocorriam encontros sexuais com jovens da Casa Pia de Lisboa.

Da parte da manhã da 85ª sessão do julgamento da Casa Pia, a testemunha foi confrontada com escutas telefónicas, entre elas uma conversa com a sua melhor amiga e em que insultava o arguido Manuel Abrantes, antigo provedor-adjunto da instituição.

De acordo com uma das fontes, na conversa, o jovem disse: "agora só falta o filho da p... do Manuel Abrantes".

O advogado do ex-provedor perguntou à testemunha porque motivo chamava aquele nome a Manuel Abrantes, tendo este respondido que o odiava por tudo o que ele lhe tinha feito.

"Chamava-lhe mais coisas mas não posso", terá ainda afirmado.

À saída da audiência, Paulo Sá e Cunha ironizou, dizendo que "é bom não esquecer que esta testemunha também foi arrolada pela defesa e que, como testemunha de defesa, tem estado a portar-se bem".

No final da audiência, a juíza Ana Peres chamou os jornalistas à sala de audiências para lhes comunicar que determinou uma diligência de ida à Casa de Elvas e ao Teatro Vasco Santana, em Lisboa, (locais citados pelas testemunhas), em data a determinar.

Para a sessão de quinta-feira de manhã está marcada uma deslocação do principal arguido, Carlos Silvino da Silva, à casa da Avenida das Forças Armadas, em Lisboa, onde terão acorrido também abusos sexuais de menores. Os restantes arguidos estão dispensados.

A visita não será aberta a jornalistas, que estarão da parte de fora de um perímetro de segurança e impedidos de colher imagens enquanto estiver a decorrer a diligência, que será considerada mais uma sessão de julgamento.


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