Presidente da República defende Forças Armadas acima de "jogos de poder"

por RTP
Marcelo Rebelo de Sousa durante a revista às forças em parada na Avenida da Liberdade, em Lisboa António Pedro Santos - Lusa

No discurso da evocação do Armistício, Marcelo Rebelo de Sousa disse que as Forças Armadas têm de estar acima dos interesses políticos e dos jogos de poder. O Presidente da República também afirmou que não se pode repetir a divisão entre “o mundo solidário contra o mundo dos egoísmos, das exclusões”. No final, homenageou os três ramos das Forças Armadas com a Ordem Militar de Torre e Espada, do Valor, de Lealdade e Mérito.

Convicto da necessidade de aprender com o passado, Marcelo Rebelo de Sousa evocou os mais de 111 mil "heróis" portugueses que, em África e na Europa,  “lutaram pela compreensão contra o ódio, a liberdade contra a opressão, a justiça contra a iniquidade, a Europa aberta contra a Europa fechada, o mundo solidário contra o mundo dos egoísmos, das xenofobias e das exclusões”.

O Presidente da República também destacou o exemplo de alguns dos oito mil soldados portugueses que há 100 anos morreram na I Guerra Mundial e os mais de sete mil feitos prisioneiros.

Para Marcelo Rebelo de Sousa é essencial "aprender com a lição de há 100 anos".

"Não toleraremos que se repita a sangrenta divisão da Europa, não toleraremos que se repita o perder-se a paz ganha com tantas mortes às mãos de aventureiros criadores de novas guerras. Não toleraremos que se repita o uso das Forças Armadas ao serviço de interesses pessoais ou de grupo de jogos de poder, enquanto soldados se batiam como hoje se batem todos os dias no centro de África, no norte, no leste e sul da Europa, no Golfo da Guiné, pela pátria e pela humanidade", declarou o comandante supremo das Forças Armadas.

O Chefe do Estado português defendeu que "hoje mais do que nunca" é necessário "afirmar os valores" que identificam Portugal "como nação na relação fraterna com as nações aliadas e amigas", o primeiro dos quais "é a dignidade da pessoa humana".

“Sem vós – militares de Portugal – sem o vosso prestígio, sem o respeito e admiração pela vossa missão insubstituível não há liberdade, nem segurança, nem democracia, nem paz que possam vingar e quem, dentro ou fora de vós, isto não entender, não entendeu nada do passado, do presente e do futuro de Portugal”, sublinhou Marcelo Rebelo de Sousa, na cerimónia militar que assinala os cem anos do armistício da I Guerra Mundial.

O Armistício da I Guerra Mundial é assinalado a 11 de novembro.

Este domingo, 4.500 militares desfilaram pela Avenida da Liberdade, desde o Marquês de Pombal até aos Restauradores, em Lisboa. Estavam representados os três ramos das Forças Armadas, incluindo representações das Forças Nacionais Destacadas, 390 militares da GNR, 390 polícias da PSP e 160 antigos combatentes.

Foram ainda representadas as forças armadas da Alemanha, Estados Unidos da América, França e Reino Unido, com 80 militares, e o Colégio Militar e os Pupilos do Exército, com 180 alunos.

A Avenida da Liberdade, em Lisboa, foi este domingo o palco do maior desfile militar e de forças de segurança dos últimos 100 anos no país. Assinalou-se assim o centenário do Armistício que pôs fim à I Guerra Mundial.


Foi o maior desfile militar do último século e contou com as mais representativas figuras do Estado.

Além do Presidente da República, o primeiro-ministro, António Costa, o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, o ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, marcaram presença na cerimónia, bem como os ex-presidentes da República António Ramalho Eanes e Jorge Sampaio. Foi notada a ausência de Cavaco Silva.

Participaram na cerimónia 111 viaturas e motos das forças de segurança, 86 cavalos e 78 viaturas das Forças Armadas, além de uma fragata e um navio de patrulha oceânico fundeados no Tejo, e ainda a formação de aeronaves F-16.
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