Marcelo considera "prematuro" visitar bairros onde houve tumultos e "legítima" a "luta política"

por RTP

Foto: José Sena Goulão - Lusa

O presidente da República considera "prematuro" visitar os bairros da Área Metropolitana de Lisboa onde ocorreram os tumultos das últimas noites. Mas quer ir aos municípios mais afetados com o primeiro-ministro.

Marcelo Rebelo de Sousa acrescenta que é preciso retirar lições do que tem acontecido e, acerca da polarização do debate, entende que o confronto político é legítimo.O chefe de Estado sublinha que "nunca se pronuncia sobre o que se passa no Parlamento" e que "prefere olhar para o que se passa na sociedade".


"Eu não quero entrar nessa luta política, que é legítima. Os protagonistas políticos têm direito a dizer isto é negativo, isto é positivo, eu penso isto, eu penso aquilo. Eu manifesto-me num sentido, manifesto-me noutro sentido. É a democracia", afirmou o presidente aos jornalistas na noite de quinta-feira, à margem de uma visita ao Museu do Design, em Lisboa.

Quanto a uma eventual deslocação aos bairros que têm sido palco de desacatos, Marcelo Rebelo de Sousa admitiu ser "prematuro", uma vez que as forças de segurança "não aconselham que isso se fizesse neste momento".

Todavia, o presidente da República conta fazer "num destes dias próximos" uma visita aos concelhos em causa, acompanhando o primeiro-ministro, Luís Montenegro, que "está no norte". A "primazia", acrescentou, é "dada ao Governo": "Vale a pena esperar uns dois ou três dias pela semana que vem".
Manifestações. "Haverá regras a cumprir"
Questionado sobre as manifestações marcadas para o próximo sábado a culminar na Assembleia da República - uma em defesa de justiça pela morte de Odair Moniz, baleado por um agente da PSP, e uma outra do Chega em defesa da polícia -, Marcelo Rebelo de Sousa assinalou que a "democracia tem desses fenómenos" e não "é a primeira vez que os temos na sociedade portuguesa".

"Haverá regras a cumprir, haverá quem imponha essas regras e haverá o civismo de comportamento", frisou.

Em novo apelo à pacificação e sem se referir à morte de Odair Moniz, o presidente colocou a ênfase na necessidade de "estabilização" dos "fenómenos de violência"."Quem vive no seu dia a dia" não quer ter o "carro incendiado", ou debater-se com um "grau de violência que não deseja", apontou Marcelo Rebelo de Sousa.


Relativamente à reunião de quinta-feira entre o Governo e os presidentes das câmaras da Área Metropolitana de Lisboa, Marcelo sublinhou que "há um acordo entre autarcas e o Estado quanto à importância de atuar nesta situação", por via do reforço das polícias, de forma a que exista, entre os cidadãos, uma "perceção da prontidão".

"Retiram-se algumas lições que são importantes para o futuro", continuou Marcelo Rebelo de Sousa. A reunião, rematou, serviu para as populações "olharem para a próxima semana e para a seguinte e encontrarem razões para acreditar na segurança, na ordem pública, na tranquilidade e não a violência".

O Governo prometeu, na sequência da reunião com os autarcas, mais vigilância - presencial e online - e anunciou um reforço da segurança nos autocarros. Por sua vez, os presidentes das câmaras da Área Metropolitana reclamaram uma polícia de proximidade mais visível e dotada de condições de trabalho dignas.
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