O presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), Vítor Bento, considerou que um novo caso Banco Espírito Santo (BES) não acontecia atualmente justificando com o fortalecimento do setor bancário.
"Nas condições em que temos a banca julgo que não acontecia hoje. Hoje a banca tem um nível de capital, de limpeza de balanço, de estrutura de `governance` que não tem qualquer comparação com a realidade do setor, da economia há 10 anos", disse Vítor Bento em resposta aos jornalistas, à margem da conferência que assinala os 40 anos da APB, no dia em que arrancou o julgamento do caso BES/GES.
Segundo o economista, a "reputação do setor é hoje muito melhor" devido ao trabalho feito pelos bancos desde então e defendeu que atualmente Portugal tem uma "banca saudável, confortável, empenhada em apoiar a economia e a sociedade".
Questionado se o BES ainda é um peso para os restantes bancos, o presidente da APB considerou que é "um peso refletido nas contribuições extraordinárias exigidas aos bancos que se portaram bem".
Vítor Bento é presidente da APB desde 2021. Antes foi presidente da SIBS, a empresa gestora da rede Multibanco.
Vítor Bento esteve brevemente à frente do BES/Novo Banco. Foi o último presidente do BES, tendo assumido a liderança do banco em julho de 2014 após Ricardo Salgado ter sido afastado pelo Banco de Portugal.
Com a resolução do BES (e criação do Novo Banco), em agosto de 2014, torna-se o primeiro presidente do Novo Banco. Demitiu-se da presidência do Novo Banco em setembro de 2014. Segundo foi então noticiado, o economista era contrário à ideia das autoridades de uma venda rápida para o Novo Banco defendendo um plano de médio prazo para o recuperar.
Vítor Bento diria em maio de 2015 ao Expresso que "o BES era como um campo de minas, rebentavam por todo o lado".
Hoje começou, em Lisboa, o julgamento do caso BES/GES acontece 10 anos após o colapso do Grupo Espírito Santo (GES), num caso com mais de 300 crimes e 18 arguidos, incluindo o ex-banqueiro Ricardo Salgado.