Lisboa, 09 Mai (Lusa) - Portugal e Venezuela assinam terça-feira um acordo em que a parte nacional pagará importações no valor de dez mil barris de petróleo por dia com exportações de empresas portuguesas, disse hoje à agência Lusa fonte diplomática.
O acordo complementar ao acordo de cooperação entre Portugal e Venezuela (de 2004) será assinado terça-feira, em Caracas, no primeiro dos três dias de visita oficial do primeiro-ministro, José Sócrates, à Venezuela.
A cerimónia de assinatura deste acordo será presidida pelo chefe de Estado venezuelano, Hugo Chavez, e por José Sócrates, após um encontro entre os dois responsáveis políticos de Portugal e da Venezuela no Palácio Miraflores.
Segundo fonte diplomática, o acordo prevê a constituição de uma comissão mista, em que cada parte se fará representar por cinco elementos e que envolverá a presença de membros dos ministérios da Economia dos dois países.
A esta comissão mista caberá acompanhar a evolução das trocas comerciais entre os dois países, a evolução dos preços nos mercados internacionais dos produtos transaccionados e, sobretudo no que respeita à componente das exportações nacionais, a identificação das necessidades de importação por parte do Estado venezuelano.
A prazo, pelo acordo entre a GALP e a petrolífera nacional venezuelana, a PDVSA, prevê-se que Portugal receba da Venezuela cerca de 30 mil barris de petróleo por dia.
O valor desses barris de petróleo será em parte pago pela GALP à companhia estatal petrolífera venezuelana numa conta da Caixa Geral de Depósitos (CGD).
A partir dessa mesma conta da CGD, serão depois feitos os pagamentos às empresas nacionais que exportarem para o mercado venezuelano.
Segundo fonte do executivo de Lisboa, esta solução "dá uma grande margem de segurança às empresas portuguesas que exportarem para a Venezuela, ultrapassando os problemas que sentiam ao nível do pagamento".
Em termos de potencial de exportações para o mercado venezuelano, o Estado Português também se mostra optimista, já que, nos últimos anos, foram certificadas pelas centrais de compras da Venezuela "dezenas de empresas nacionais".
De acordo com as estimativas de Lisboa, as importações de hidrocarbonetos a partir da Venezuela serão pagas em cerca de um terço por produtos exportados por Portugal para este país da América do Sul.
Para já, a Venezuela mostrou interesse em exportações nacionais nos ramos agro-pecuário, farmacêutico, saúde, reparação naval, construção civil, tecnológico e materiais de construção.
"Com esta solução, a Venezuela resolve um dos seus principais problemas no comércio internacional: o acesso a divisas", declarou fonte diplomática.
Segundo os dados disponibilizados pelo Governo de José Sócrates, Portugal exporta para a Venezuela produtos na ordem dos 17 milhões de euros anuais, valor que contrasta com o da Espanha, que atinge os 400 milhões de euros.
Este valor das exportações portuguesas é considerado "extraordinariamente baixo", até porque a Venezuela "é um mercado em acelerada expansão", que tem registado taxas de crescimento económico na ordem dos oito por cento.
Na comitiva da visita do primeiro-ministro à Venezuela estão cerca de 80 empresários, na sua maioria em representação de pequenas e médias empresas nacionais.
PMF