Portugal é o país da UE que "melhor entende" a Turquia no processo de adesão

por Lusa

O primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, disse hoje que Portugal é o país que "melhor entende" a Turquia no longo processo de negociações de adesão à União Europeia (UE), definido como um "objetivo estratégico".

"Portugal tem surgido como um porta-voz da Turquia em Bruxelas, parece ser o país que melhor entende a Turquia", considerou Ahmet Davutoglu durante a conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo português, Pedro Passos Coelho, no final da I Cimeira Intergovernamental Portugal-Turquia, que hoje decorreu em Lisboa.

O dirigente turco voltou a insistir no tema durante o período de perguntas e respostas, quando agradeceu a Passos Coelho a "solidariedade portuguesa" e vincou que a "decisão estratégica" da Turquia é pertencer à UE.

"Portugal sempre demonstrou vontade em que a Turquia faça parte da Europa", salientou. "Sabem da nossa capacidade para promover reformas, o futuro da Europa é o futuro da Turquia. Agradecemos aos amigos da Turquia", adiantou.

As relações próximas entre os dois países foi outro tema que dominou a intervenção do responsável turco, que lidera desde 2014 o Governo islamita-conservador do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), no poder desde 2002.

O responsável turco destacou a reunião "amistosa" de hoje, em que se fez acompanhar por seis ministros, disse que os dois países se "entendem bem", por partilharem "uma tradição comum do Estado, da política, dos laços culturais", e ainda por possuírem "um enorme alcance geográfico e também com uma relação face a geografias mais latas".

O bom momento das relações económicas luso-turcas, com uma reunião empresarial conjunta agendada para outubro e "seguro impacto comercial", e o reforço das ligações aéreas da companhia aérea turca para Lisboa, e ainda para o Porto, também mereceram destaque na intervenção do chefe do governo turco.

Nesta linha, Davotoglu aproveitou para felicitar Portugal pela "evolução impressionante da [sua] economia, tendo em consideração a saída do programa de ajustamento".

A celebração do Dia da língua portuguesa em Ancara, a crescente presença do seu país na África, Ásia, América Latina, "com 32 embaixadas turcas em África", e o estatuto de país-membro observador da CPLP, foram também recordados pelo primeiro-ministro turco, ex-chefe da diplomacia de Ancara e um dos homens de confiança do Presidente Recep Tayyip Erdogan, o líder do AKP.

A situação no Iraque, na Síria, a xenofobia e o terrorismo, além da decisiva posição geoestratégica da Turquia, também foi focada, com Davutoglu a sustentar a necessidade de "paz e estabilidade", quando se parece preparar uma ofensiva contra o grupo Estado Islâmico (EI), que há quase um ano controla a estratégica cidade de Mossul, no norte iraquiano e perto da fronteira do Curdistão turco.

Neste aspeto, referiu-se a uma "missão histórica", mas foi diplomaticamente cauteloso. E, por fim, ao recordar que Portugal e Turquia enfrentam eleições gerais no outono, desejou que se mantenham, e reforcem, as relações entre Lisboa e Ancara.

O primeiro-ministro turco efetuou hoje uma visita oficial a Lisboa para participar na 1ª Cimeira Portugal-Turquia, tendo sido recebido pelo Presidente Cavaco Silva antes de se reunir com o seu homólogo Pedro Passos Coelho no Palácio das Necessidades.

Davutoglu e Pedro Passos Coelho encontraram-se no final da tarde, antes do início da sessão plenária entre as duas delegações, a nível ministerial, e participaram na assinatura de quatro acordos bilaterais.

A visita do primeiro-ministro turco foi concluída com um jantar oficial oferecido pelo homólogo português.

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