Populares ajudam no combate a fogo que entrou em aldeia de Vila Pouca de Aguiar

por Lusa

Populares juntaram-se aos bombeiros e militares da GNR para ajudar a combater o incêndio que entrou pela aldeia de Zimão, em Vila Pouca de Aguiar, onde esta noite arderam quatro casas, uma habitada, e foram retirados idosos.

"A situação está complicada, já esteve mais. Houve muitas projeções, projeções de centenas de metros, e as faúlhas propagaram-se e chegaram às casas", afirmou à agência Lusa José Machado, secretário da Junta de Telões.

De Zimão, aldeia invadida pelo fumo e ponteada de chamas, foram retiradas cerca de uma dezena de pessoas mais idosas e, segundo o responsável, arderam "pelo menos quatro casas, uma de primeira habitação".

José Machado disse que o incêndio chegou "muito rapidamente" à pequena aldeia, precisamente por causa das projeções empurradas pelo vento forte e inconstante.

"Estava num outro incêndio na sede de freguesia, em Telões, e consegui ver projeções na ordem das centenas de metros. É praticamente impossível travar e estas são aldeias muito antigas, com armazéns de fenos e forragens de animais e, com a densidade de faúlhas que estava a cair, foi mesmo muito difícil", referiu.

As ruas estreitas dificultaram a passagem dos autotanques dos bombeiros e muitos populares juntaram-se aos operacionais a ajudar a combater as chamas. Uns com baldes, outros com mangueiras.

Marília Santos, da Associação para a Defesa de Animais e Ambiente de Terras de Aguiar (ANIPUR), passou a tarde a percorrer as aldeias próximas dos vários fogos que atingiram o concelho de Vila Pouca de Aguiar, no distrito de Vila Real.

O primeiro alerta foi dado pelas 07:30 em Bornes de Aguiar, depois à tarde foi em Sabroso de Aguiar, Telões e Quintã de Jales (Vreia de Jales).

"Ligaram-me daqui de Zimão quando não havia nem um bombeiro, um senhor que tem montes de animais e a partir daí tem sido um caos. Nós ajudados animais e pessoas, tudo o que precisar nós ajudamos", afirmou, explicando que os voluntários já ajudaram a colocar em segurança, cães, gatos e um burro.

Arlindo Ribeiro, vereador da Câmara de Vila Pouca de Aguiar, estava também em Zimão e descreveu à Lusa uma noite muito difícil em Vila Pouca de Aguiar.

"Quatro fogos, todos ativos, junto a populações e com poucos meios para todas as ocorrências. É indescritível aquilo que nos está a acontecer. No espaço de 30 minutos o fogo desceu a serra e entrou pela aldeia adentro", contou.

Na aldeia, tanto os autarcas como os militares andaram a bater às portas das casas para assegurar que todos estavam em segurança.

"Foi feito esse trabalho para não deixarmos ninguém para trás", frisou o vereador.

As pessoas retiradas de Zimão e também da aldeia vizinha de Gralheira foram encaminhadas para o Lar Padre Manuel do Couto, onde a presidente da Câmara de Vila Pouca de Aguiar, Ana Rita Dias, disse estar preocupada com a situação hoje vivida no concelho.

A autarca acredita que os vários focos de incêndios verificados tiveram "mão criminosa".

Durante todo o dia Ana Rita Dias pediu mais meios para combater os vários incêndios, referindo que, pelas 23:00, estavam cerca de 200 operacionais nos vários fogos, alguns separados por 15 quilómetros de distância.

"As corporações se estiverem divididas acabam por não ser suficientes para o combate a esta dimensão de fogo que temos", referiu, considerando que a situação no concelho se agravou precisamente devido à falta de meios empenhados no combate inicial.

A autarca disse que será necessário repensar algumas estratégias de combate.

"Sabendo que há meios parados no concelho vizinho e que não são ativados, isso de facto é de lamentar e , por isso, que agora estamos aqui nesta situação a tentar salvar a vida das pessoas e os bens delas", frisou.

No concelho continuam ativos os fogos que deflagraram em Bornes de Aguiar, Telões e Quintã de Jales, estando já resolvido o fogo em Sabroso de Aguiar, onde arderam dois armazéns.

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