Lisboa, 05 jan (Lusa) - A plataforma digital de ensino à distância Português Mais Perto, uma iniciativa conjunta do Instituto Camões e da Porto Editora apresentada há um ano, registou quase seis centenas de alunos portugueses ou lusodescendentes, em 26 países dos cinco continentes.
De acordo com dados fornecidos pelo Camões - Instituto de Cooperação e da Língua, o número de crianças e jovens que se inscreveram no primeiro ano da ferramenta multimédia Português Mais Perto fixou-se em 578 alunos, com o principal volume de inscrições registado em outubro.
Esta solução online visa compensar o sistema local de ensino, reunindo dezenas de aulas interativas para a aprendizagem da língua e pretende ser um apoio às famílias emigradas, oferecendo uma experiência de estudo orientada para a aprendizagem individual e autónoma do aluno.
A maior parte dos alunos que adquiriram competências e conhecimentos da língua portuguesa de forma autónoma registou-se em Português Língua de Herança, com 530 jovens e crianças portugueses ou lusodescendentes escolarizados no estrangeiro.
Na vertente de Português Língua Materna, ensino destinado a crianças e jovens que iniciaram o percurso escolar em Portugal e que foram residir no estrangeiro por força da emigração dos pais, o número de alunos que frequentou as aulas interativas e que têm no horizonte retornar ao sistema de ensino no país quedou-se em 48.
Ainda não estão apuradas as taxas de aproveitamento do programa nos ensinos básico e secundário referentes ao ano letivo de 2016/2017, terminado em junho, que abrange todos os tópicos do programa nacional do Ministério da Educação para o ensino da disciplina de Português.
Alemanha, Austrália, Bélgica, Bermudas (território britânico), Brunei, Canadá, China, Dinamarca, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Estados Unidos, França, Holanda, Itália, Jérsia (ilha britânica). Luxemburgo, Macau, Moçambique, Noruega, Polónia, Reino Unido, Roménia, Sérvia, Suíça, Turquia e Vietname foram os países dos utilizadores do Português Mais Perto.
A plataforma tem uma licença, que é o curso de instalação da aplicação, de 40 euros anuais, havendo a possibilidade de o Instituto Camões ativar um tutor, o que eleva o valor de inscrição para 90 euros/ano.
O secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro, disse à agência Lusa que "os resultados do primeiro ano de funcionamento da aplicação Português mais Perto demonstram que a mesma teve a utilização num conjunto abrangente de países, repartidos por cinco continentes", o que "confirma a relevância da aplicação enquanto solução flexível e adaptada a contextos de crescente mobilidade dos cidadãos".
"Este quadro é, de resto, confirmado pelo mais recente Relatório da Emigração, segundo o qual, dos 100 mil portugueses que saíram para o estrangeiro em 2016, 60 por cento regressaram ao país no prazo de um ano", explicou.
José Luís Carneiro sustentou que "vale a pena reafirmar ainda que esta aplicação não pretende substituir o Ensino do Português no Estrangeiro, que é implementado através de um importante investimento do Estado Português", explicando que a ferramenta Português Mais Perto "visa, antes, proporcionar um recurso complementar, tanto para os alunos que pretendem evoluir na aprendizagem do português, como para aqueles que não têm acesso ao ensino da língua nos países onde se encontram".
"No futuro, acreditamos que a adesão e a utilização da aplicação venham a crescer, conforme os cidadãos forem conhecendo e familiarizando-se com esta solução", acrescentou o membro do Governo.
Nesse sentido de "reforçar a utilização" da ferramenta no ano letivo de 2017/2018, o Instituto Camões criou um projeto-piloto de utilização da plataforma no Canadá e nos Estados Unidos.
O presidente do Instituto Camões, Luís Faro Ramos, referiu que a criação de o projeto-piloto tem "o intuito de familiarizar os possíveis utilizadores com a plataforma, evidenciando as suas potencialidades e criando massa crítica para uma maior utilização".
O projeto-piloto é financiado no âmbito de um protocolo de Empresa Promotora da Língua Portuguesa e "envolve, nestes dois países da América do norte, 11 escolas, 33 professores, que recebem também formação à distância, e 486 alunos".
Luís Faro Ramos adiantou que, no final deste ano letivo, se procederá à avaliação do projeto-piloto, "do qual temos tido um retorno muito positivo da parte de diretores de escola, professores e alunos, sendo possível perceber que está a contribuir para criar melhores condições e boas práticas, através da utilização de recursos de maior qualidade".