Pescadores desaparecidos. Traineira naufraga ao largo da Marinha Grande

Segundo a Autoridade Marítima Nacional, a embarcação tinha 17 tripulantes, com idades entre os 30 e os 65 anos. Destes, três foram confirmados como mortos e outros três estão desaparecidos. Os restantes 11 elementos foram resgatados com vida e encaminhados para o porto da Figueira da Foz.

Destes 17 elementos que se encontravam na embarcação, 15 são de nacionalidade portuguesa e dois de nacionalidade indonésia. Os três mortos e desaparecidos são portugueses.

Sete destes pescadores resgatados foram encaminhadas para o hospital da Figueira da Foz. Carolina Ferreira, diretora clínica do hospital, adianta que todas as vítimas são do sexo masculino, entre os 23 e 57 anos.

Três já tiveram alta e um vai ser transferido para os cuidados intensivos da ULS Coimbra. Os restantes estão ainda em observação. O homem de 57 anos é o que está em estado mais grave, com um problema respiratório.

O alerta do naufrágio  foi dado cerca das 4h30 desta quarta-feira para o comando local da Polícia Marítima da Nazaré. O acidente ocorreu entre São Pedro de Moel e a praia da Vieira, a 1,5 quilómetros da costa, quando uma traineira regressava da pesca.

Foi ativada de imediato uma embarcação da estação salva-vidas da Nazaré para as buscas. Ao chegar ao local, a embarcação salva vidas confirmou que a embarcação se encontrava apenas virada. Neste momento decorrem as buscas para encontrar os três desaparecidos, com vários meios em terra, ar e mar.

"Embarcação era segura"

As causas do naufrágio são ainda desconhecidas. “Neste momento ainda não foi possível saber o que aconteceu. Já foi aberto um inquérito de sinistro marítimo e outro inquérito para se apurar as causas destas três mortes”, adiantou o porta-voz da Autoridade Marítima Nacional aos jornalistas.

Segundo António Lé, da Associação de Armadores da Figueira da Foz, a embarcação tinha 26 metros, era “segura e moderna”. “É tudo muito estranho”, diz.

"Embarcação era segura, talvez uma das melhores a nível nacional no que diz respeito à pesca de cerco", disse à RTP João Leite, da Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar.

“O que sabemos é que a embarcação virou a cerca de uma milha, milha e meia a oeste de São Pedro do Moel. Isso pode ter acontecido por uma série de razões que atualmente não podemos apontar com certeza”, disse Pedro Cervaens Costa, comandante da Capitania da Figueira da Foz, adiantando ainda que o mar estava calmo.

“Felizmente, no local estavam várias embarcações de pesca que conseguiram resgatar várias pessoas, porque caso contrário tínhamos uma tragédia maior do que a que temos”, acrescentou.

Cervaens Costa explicou que a embarcação que naufragou está "localizada e visível", continuando a decorrer operações de busca e salvamento, com a ajuda de um helicóptero da força aérea, um drone da Nazaré e uma equipa de mergulho.

A embarcação ("Virgem Dolorosa") está registada na capitania do porto de Póvoa de Varzim, mas faz porto na Figueira da Foz. Segundo Cervaens Costa, a tripulação era maioritariamente do concelho da Figueira da Foz, embora tivesse dois cidadãos indonésios a bordo também que foram resgatados com vida.

Santana Lopes anuncia luto municipal

O presidente da República já expressou as condolências às famílias dos pescadores que morreram esta quarta-feira.

"Esta profissão, que tanto enriquece a nossa tradição marítima, também nos recorda os riscos e desafios enfrentados por muitos dos nossos compatriotas, os quais merecem o nosso respeito e admiração. A perda das vidas destes valorosos homens é uma tragédia para todos nós", lê-se na nota publicada na página da Presidência da República.

Luís Montenegro também já expressou as suas condolências às famílias das vítimas. O primeiro-ministro "louva ainda o pronto e pleno empenho das autoridades de socorro nas buscas e no resgate da tripulação", lê-se na nota publicada na página oficial do Governo.

Pedro Santana Lopes, presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz, anunciou luto municipal. “A autarquia naturalmente dará todo o apoio às famílias e a quem mais precisar de ajuda”, garantiu.

O presidente da Câmara da Marinha Grande, Aurélio Ferreira, também lamentou as mortes no naufrágio e destacou que o foco é encontrar os desaparecidos.