Parlamento chumba contagem integral do tempo de serviço dos professores
A Assembleia da República rejeitou esta sexta-feira as alterações ao decreto do Governo que previam a contagem de todo o tempo de serviço congelado aos professores, com os votos contra do PS, PSD e CDS-PP e os votos favoráveis do BE, PCP e PEV. O PAN optou pela abstenção.
Em termos de consequências políticas, com o chumbo na Assembleia da República do princípio da recuperação integral do tempo de serviço dos professores - nove anos, quatro meses e dois dias -, fica assim afastado o cenário da demissão do Governo, que foi colocado em cima da mesa pelo primeiro-ministro, António Costa, na semana passada.
Nas galerias do parlamento, acompanhando as votações, sentaram-se vários docentes sindicalistas, entre os quais o líder da Fenprof, Mário Nogueira. Este grupo saiu em silêncio do hemiciclo após o anúncio do chumbo do diploma em votação final global.
“É preciso avançar. O PCP não vai desistir, vai continuar a luta pela plena concretização dos direitos dos trabalhadores e pela contagem integral do tempo de serviço”, garantiu a deputada.
“O processo que culminou na votação de hoje relativa à contagem do tempo de serviço dos professores fez cair a máscara ao primeiro-ministro António Costa em geringonça que quer ser a todo o custo e a toda a pressa primeiro-ministro sem geringonça, assim revelando a sua falta de sentido de Estado e de responsabilidade", considerou.
“O PS gasta e estraga, o PSD poupa e compõe as contas do país, assim foi sempre”, terminou.
“Aquilo que se passou aqui foi absolutamente vergonhoso e demonstrou claramente que o PSD e o CDS (…) não têm palavra”, declarou, assegurando que os Verdes fizeram tudo o que estava ao seu alcance para que os professores vissem reposto na íntegra o tempo de serviço.
Antes da votação, Apolónia tinha também criticado a “ameaça” e “chantagem” do primeiro-ministro, considerando que o fez por “estratégia eleitoral”.
“Sempre dissemos que era preciso tentar a recuperação do tempo de serviço, sempre dissemos que isso tinha de ser feito em negociação entre Governo e sindicatos”, afiançou.
“Aqueles que tentaram e incentivaram os sindicatos a tomarem o Governo como inimigo em vez de tomarem o Governo como parceiro é que ajudaram a prejudicar todo este processo”.
Antes da votação final, o deputado tinha relembrado que o descongelamento de todas as carreiras significaria uma despesa de 800 milhões de euros e que o Governo está a tentar proteger o futuro económico do país.
“O Bloco de Esquerda não vai desistir de lutar pela recuperação integral da carreira dos professores em igualdade com os professores dos Açores e da Madeira, e não vamos desistir de lutar pelo tempo integral das carreiras especiais em igualdade com as carreiras gerais”.
“Os professores, os funcionários públicos e os trabalhadores contam com o Bloco de Esquerda”, assegurou.
Antes da votação, a deputada referiu que o descongelamento integral do tempo de serviço não iria prejudicar as contas do país e criticou a “chantagem do Governo”.
No plenário de hoje, e antes da votação final, a Assembleia da República rejeitou todas as normas propostas por PSD e CDS-PP que introduziam condicionantes financeiras à devolução integral do tempo de serviço congelado aos professores.
As normas, que já tinham sido chumbadas na Comissão de Educação na semana passada, foram hoje avocadas para plenário por PSD e CDS-PP e mereceram votos contra de PS, BE, PCP e PEV, a abstenção do PAN e votos favoráveis das bancadas proponentes.
PSD e CDS-PP pretendiam que a devolução integral do tempo de serviço aos professores ficasse condicionada a variáveis como o crescimento económico e o equilíbrio das finanças públicas.