Pandemia com impacto na saúde mental de 60 % dos jovens acolhidos em instituições

por Lusa
A saúde mental dos jovens foi afetada pela pandemia D.R.

A pandemia teve um impacto em termos de saúde mental em 60 por cento das crianças e jovens acolhidos em instituições, com especial ênfase nos adolescentes, segundo um relatório oficial.

O relatório Casa faz uma caracterização anual da situação de acolhimento das crianças e jovens. Em 2020, um ano marcado pela pandemia, estavam à guarda do Estado para as proteger de situações de risco um total de 6.706 crianças e jovens.

Durante o ano de 2020 entraram no sistema 2.022 crianças e jovens e saíram 2.359.

Segundo o relatório, a pandemia obrigou a mudanças em toda a sociedade, com várias imposições decorrentes do avançar do estado pandémico, com repercussões nos demais setores sociais, nomeadamente nas respostas de acolhimento com impacto na saúde mental das crianças e jovens acolhidas que têm já uma vulnerabilidade acrescida.

Foram assim recolhidas as perceções dos profissionais envolvidos no acompanhamento da medida de colocação das crianças ou dos jovens acolhidos (11 de março a 1 de novembro de 2020) e de acordo com a análise, 80% das crianças foi afetada negativamente pela pandemia, com maior expressão nos jovens entre os 12 e os 14 anos.

Em 13% das crianças e jovens acolhidos foi detetado um aumento de sentimentos de ansiedade, em 11% um aumento de sentimentos de tristeza e em 4% uma tendência ao isolamento em relação ao grupo.

Para 122 crianças e jovens foi necessário um acompanhamento pedopsiquiátrico.

O relatório revela ainda que 150 foram medicadas em termos de pedopsiquiatria e que para 337 foi iniciado e/ou intensificado o acompanhamento psicológico.

Contágio pouco relevante

"Perante as dificuldades sentidas em conseguir levar a cabo as atividades letivas dentro das respostas de acolhimento, todos os interventores com responsabilidades nesta área (escolas, casas de acolhimento, gestores de processo, CPCJ, tribunais, autarquias e outras entidades locais e centrais) deverão estar muito atentos às crianças e jovens que passaram pela situação de acolhimento neste tempo de pandemia. Deverá avaliar-se a integração escolar, as atividades letivas e desenvolvimento das aprendizagens, antecipando-se dificuldades e promover soluções de forma cooperada e participada por todos os interventores", alerta.

Relativamente ao contágio o relatório considera que os valores de crianças e jovens infetadas por faixa etária, permite concluir que os plano de contingência e o acompanhamento às respostas foram eficazes para evitar o contágio entre as crianças e jovens acolhidas.

Até 1 de novembro de 2020 um total de 432 crianças e jovens (5%) foram infetadas com o novo coronavírus, o SARS- CoV-2, no universo de 8.268 crianças e jovens caracterizadas, entre 11 de março e 1 de novembro de 2020 (caracterizadas todas as crianças e jovens que durante este período se encontravam acolhidas, que entraram ou saíram da situação de acolhimento).
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