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Ouvido em tribunal jovem suspeito de instigar massacres em escolas do Brasil

por RTP
Sandra Fernandes Pereira - RTP

Depois de ter sido detido por suspeita de homicídio qualificado e incitamento ao ódio e à violência, o jovem de 17 anos é presente esta sexta-feira ao Tribunal de Instrução Criminal. A operação da Polícia Judiciária foi desencadeada no início do mês e levou à detenção do adolescente de Santa Maria da Feira, indiciado por instigar massacres em escolas no Brasil.

A Polícia Judiciária, em investigação conduzida pela Unidade Nacional Contraterrorismo, deteve um jovem de 17 anos, na zona norte do país, fortemente indiciado pela prática dos crimes de homicídio qualificado, ofensas à integridade física qualificada e discriminação e incitamento ao ódio e à violência. A estes crimes, acresce, ainda, a prática de crimes pornografia de menores.

A investigação em curso, em inquérito titulado pelo DIAP de Lisboa, contou com a colaboração da Polícia Federal do Brasil e foi iniciada recentemente, com caráter de urgência, tendo em conta a gravidade das suspeitas. As autoridades brasileiras visavam conhecer e identificar a atividade perpetrada online pelo detido, um cidadão português que promovia o nazismo, incitando a comportamentos extremistas.

Na quinta-feira, a PJ efetuou buscas domiciliárias e “apreendido um vasto acervo probatório, designadamente material informático e digital”.

Em comunicado, as autoridades portuguesas informaram que o detido será presente esta sexta-feira a tribunal para aplicação das medidas de coação. O jovem português, que segundo a RTP apurou reside em Santa Maria da Feira, “criou e gere um grupo na plataforma Discord, onde se agruparam diferentes pessoas apologistas dos mesmos ideais e que pretendiam cometer atos semelhantes aos idealizados e propagados por aquele”.
Entre estes atos estão: automutilação grave de jovens, mutilação e morte de animais, difusão de propaganda extremista nazi, instigação e prática da “missão” de cometer massacres em escolas (filmados e transmitidos através do telemóvel) e, ainda, partilha e venda de pornografia infantil.
A PJ conseguiu já apurar, segundo a mesma nota, “que este tipo de condutas foram partilhados no grupo, incluindo transmissões ao vivo de agressões contra animais que levam à sua mutilação e morte, jovens a beber detergente e a auto mutilarem-se com objetos cortantes”.

“Através de um ideário particularmente violento e extremista, o jovem detido prestava conselhos quanto ao modus operandi e indumentária a envergar pelos demais intervenientes aquando da preparação e prática dos crimes”.

As autoridades adiantam ainda que foi na sequência destes comportamentos “que veio a decorrer o ataque com arma de fogo (um revólver calibre 38) numa escola de Sapopemba, no Brasil, resultando na morte de uma jovem do sexo feminino de 17 anos”.

Na plataforma Discord, “o autor material do crime partilhou inclusive imagens da arma e da balaclava (gorro) que iria utilizar, bem como da escola onde o crime iria ocorrer”.

A PJ indicou também que irá prosseguir a investigação, sendo uma das “principais linhas de investigação identificar, em termos internacionais, outros agentes dos crimes em que possam estar envolvidos nesta rede e neste tipo de condutas”.

Sobre o jovem detido, o diretor Nacional da Polícia Judiciária confirmou que foi um "trabalho muito moroso e difícil" encontrar e identificar o suspeito.

"Havia um conjunto de jovens absolutamente extremistas e violentos", que vivia no "anonimato e na impunidade das redes", que conseguiram construir um grupo que se dedicava aos crimes, como homicídios em massa, automutilação, crimes contra os animais e propaganda de discursos nazis.

"Não há nenhum crime de terrorismo", confirmou ainda Luís Neves, acrescentando que este é único português até agora identificado.

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