Joaquim Couto, autarca de Santo Tirso envolvido na operação “Teia”, que investiga suspeitas de corrupção, renunciou no domingo a todos os cargos públicos e políticos que ocupa no Partido Socialista. O seu advogado confirmou que a demissão tem efeitos imediatos mas que não constitui uma admissão de culpa.
O casal é arguido da operação “Teia” por suspeitas de corrupção, tráfico de influência e participação económica em negócio, traduzidas na “viciação fraudulenta de procedimentos concursais e de ajuste direto”.
De acordo com Nuno Brandão, advogado de Joaquim Couto, o autarca “renunciou, com efeitos imediatos, à presidência da Câmara Municipal de Santo Tirso para não prejudicar o concelho e a sua população”.
Joaquim Couto renunciou ainda aos restantes “cargos públicos de que é titular, também com efeitos imediatos, e a todos os cargos partidários”, acrescentou o advogado, referindo que esta decisão “foi tomada de forma consciente”.
“Não é por uma associação de culpa, é fundamentalmente no interesse do concelho de Santo Tirso e da sua população, para que esta situação com que ele se depara neste momento não prejudique a presidência do concelho, do município, e de forma a que o concelho possa ser gerido sem constrangimentos”, substanciou.
Joaquim e Manuela Couto conhecerão esta segunda-feira as medidas de coação, assim como o presidente da Câmara de Barcelos, Miguel Costa Gomes, e o ex-presidente do IPO/Porto, Laranja Pontes.
O Ministério Público pede prisão domiciliária, com pulseira eletrónica, para Miguel Costa Gomes. Para Laranja Pontes foi pedida a suspensão de funções, proibição de contactos com os outros arguidos e funcionários do Instituto Português de Oncologia e caução carcerária de 20 mil euros - o arguido saiu em liberdade no sábado, depois de pagar a caução.
Arguida da Operação Éter
Eleito pela primeira vez como presidente da Câmara de Santo Tirso em 1982, Couto foi sucessivamente reeleito até 1999. No segundo Governo de António Guterres, foi nomeado governador civil do Porto, mantendo-se nesse posto até 2002.
Em 2013, voltou a candidatar-se e a ganhar a liderança da autarquia de Santo Tirso, tendo sido reeleito quatro anos mais tarde.
Já a sua mulher, Manuela Couto, é administradora da W Global Communication e já foi constituída arguida em outubro, no âmbito da operação Éter, relacionada com o Turismo do Norte, tendo pago uma caução de 40 mil euros para ficar em liberdade.
c/ Lusa