Oficiais portugueses poderão vir a ser destacados no Iraque para dar formação às forças de segurança iraquianas no âmbito de uma missão da NATO, admitiu em Nova Iorque o primeiro-ministro português, Pedro Santana Lopes.
"Admitimos participar na formação de forças de segurança iraquianas. Portugal admite essa possibilidade", disse o chefe do executivo aos jornalistas após um encontro com os funcionários portugueses das Nações Unidas e os funcionários da Missão permanente de Portugal junto da ONU, em Nova Iorque.
Santana Lopes, que falava acompanhado do ministro dos Negócios Estrangeiros português, embaixador António Monteiro, rejeitou a ideia de que tal cooperação na área da formação de forças de segurança implique a ida de novos contingentes para território iraquiano.
"Não serão contingentes mas sim oficiais destacados para dar formação" às forças de segurança, sublinhou sem especificar.
Os países que integram a NATO - da qual Portugal é membro- fundador - iniciaram na segunda-feira em Bruxelas novas discussões para chegarem a um consenso quanto à forma de pôr em prática uma missão da Aliança Atlântica de formação das forças de segurança no Iraque.
A NATO aceitou em finais de Junho o princípio de ajudar na formação de forças de segurança iraquianas e encara agora duras negociações entre os seus membros sobre as modalidades e o quadro político dessa missão.
Na sexta-feira, a França e a Bélgica, apoiados pela Alemanha e pela Espanha, colocaram reservas quanto ao projecto de decisão adoptado pelo secretário-geral da Aliança Atlântica, Jaap de Hoop Scheffer, exigindo uma clarificação.
Uma das principais características desta missão é o envio de oficiais instrutores para formar oficiais num centro de formação situado em território iraquiano.
Paris, Berlim e Bruxelas - que se opuseram desde a primeira hora à guerra no Iraque e que agora mostram-se cépticos quanto ao "momento" de entrada da NATO no terreno -, bem como Madrid, rejeitaram categoricamente enviar soldados para o Iraque no quadro desta missão de formação, tal como defendem os Estados Unidos.
Questionado sobre a possibilidade de a missão da GNR no Iraque vir a ser alargada até à realização de eleições no país - agendadas para Janeiro próximo -, o primeiro-ministro reafirmou que aquela força tem ordens para ficar no território apenas até ao final de Novembro.
"Não há nenhuma decisão tomada sobre isso. Temos um compromisso até Novembro", disse Santana Lopes, sublinhando que "é importante que Portugal respeite os seus compromissos".
Ainda assim, frisou, qualquer alteração ao actual quadro da participação de Portugal nas acções de estabilização no Iraque será uma "acção a tomar sob a legitimação e sob a égide das Nações Unidas".
Santana Lopes encontra-se em Nova Iorque para participar no debate da sessão de abertura da 59ª Assembleia-Geral das Nações Unidas, que arranca hoje mas na qual o primeiro-ministro intervirá apenas quarta-feira às 23:30 hora de Lisboa.
O primeiro-ministro português encontra-se hoje com o seu homólogo do Iraque, Iyad Allawi, num encontro bilateral à margem do debate na Assembleia-Geral e no qual também participará o MNE português.