Novas viaturas blindadas vão ser fabricadas na ex-Bombardier

por Agência LUSA

O ministro da Defesa anunciou quarta-feira, em Benavente, que "boa parte" das perto de 300 viaturas blindadas que vão ser adquiridas para o Exército e Marinha será fabricada nas instalações e com trabalhadores da ex-Bombardier.

Paulo Portas falava na cerimónia de anúncio do vencedor do concurso público internacional para o fornecimento das viaturas blindadas de rodas 8x8, que vão substituir as históricas chaimite, que decorreu ao princípio da noite no Depósito Geral de Materiais do Exército, em Benavente.

O ministro de Estado e da Defesa sublinhou que, na decisão sobre o consórcio vencedor, liderado pela Steyr (Áustria), pesou, não só o preço, 344 milhões de euros, mas também o facto de, ao contrário do outro concorrente, uma das contrapartidas propostas ser a construção de grande parte da encomenda em Portugal.

"É importante para o Governo, para a Defesa Nacional e para o país sabermos que o reequipamento das Forças Armadas vai permitir que, no local exacto onde morreu uma fábrica, e com que dor social, vai nascer outra fábrica, onde boa parte destas viaturas vão ser fabricadas", disse.

"Toda a gente sabe o que aconteceu na Bombardier. É exactamente aproveitando trabalhadores e instalações da Bombardier que este concurso vem permitir uma extraordinária oportunidade de emprego, de desenvolvimento e de tecnologias em Portugal, para portugueses e com portugueses. Tanto basta para podermos estar muito satisfeitos", acrescentou.

Portas referiu a aquisição das 293 viaturas blindadas para o Exército e para a Marinha não só como "um passo grande" para a modernização das Forças Armadas, "mas também como uma "extraordinária oportunidade" para a economia do país, frisando que a contrapartida do fabrico em Portugal teve um peso na decisão final.

O ministro sublinhou a forma como decorreu o processo com vista à aquisição das 293 viaturas blindadas (273 para a Marinha e 20, anfíbias, para a Marinha, que serão entregues entre 2006 e 2009), com a decisão a ser tomada cerca de 15 meses depois do lançamento do concurso.

Destacou o facto de se ter adoptado uma prática que não era habitual, com uma aquisição que envolve mais do que um ramo das Forças Armadas, o que, no seu entender, representa "racionalidade, eficiência e interoperabilidade", e o "profissionalismo e exigência" colocados pelas equipas que lidaram com o processo, o que ficou patente com a inexistência de contestação ao concurso.

Sublinhou ainda a "exigência na negociação", o que se reflectiu no preço final (que passou de 544 milhões de euros para 344 milhões de euros), e o rigor na verificação, afirmando que o Estado foi para este negócio "com os olhos bem abertos", sem fazer "uma compra por catálogo".

"Quem conhece a famosa, cada vez mais histórica, chaimite, sabe que não se podia adiar muito mais", disse.

O chefe do Estado Maior do Exército, general Luís Valença Pinto, afirmou que a aquisição das novas viaturas blindadas irá colocar o Exército português a par dos aliados com dimensão análoga, sublinhando que a futura Brigada de Intervenção poderá ter um batalhão em prontidão em Janeiro de 2008.

Destacando o facto de as velhas chaimite terem sobrevivido 15 anos para além da sua vida útil, graças a um esforço "notável" de manutenção, Valença Pinto disse ser "imperioso" que, em 2007, as Oficinas Gerais de Material de Engenharia, a instalar de preferência na área militar de Alcochete, onde hoje decorreu a cerimónia, possam estar operacionais "para assegurar a manutenção das novas viaturas".

Também o chefe do Estado-Maior da Marinha, almirante Francisco Abreu, destacou o "salto significativo" que as 20 viaturas blindadas anfíbias terão no reequipamento dos Fuzileiros, permitindo "maior operacionalidade e maior segurança".

A necessidade de dotar o Exército de novas viaturas blindadas de rodas foi equacionada quando se preparava o envio de uma força para a Bósnia-Herzegovina, no início dos anos 1990, tendo desde então sido ponderadas várias hipóteses, com a opção pela compra a avançar na sequência da conclusão da revisão da Lei da Programação Militar.


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