Nos cem anos da linha do Corgo CP desmente encerramento

por Agência LUSA

Cem anos depois da inauguração da linha do Corgo, o comboio histórico percorreu hoje os 26 quilómetros entre a Régua e a Vila Real, com os responsáveis da CP a desmentirem a intenção de encerrar esta via.

O comboio chegou a Vila Real pela primeira vez a 01 de Abril de 1906, permitindo que uma viagem que antes se fazia em oito horas de diligência, passasse a demorar apenas uma hora e meia.

Hoje nas comemorações do centenário da linha do Vale do Corgo, Nuno Moreira, vogal do Conselho de Administração da CP, afirmou que não há da parte desta empresa "qualquer decisão relativamente ao encerramento de qualquer linha ferroviária", contrariando assim algumas notícias que apontavam para o encerramento das vias do Corgo, Tua e Tâmega.

Agora, segundo este responsável, é necessário "optimizar" os recursos disponíveis e concretizar parcerias com as autarquias para garantir um maior aproveitamento desta linha", que actualmente liga os concelhos da Régua, Santa Marta de Penaguião e Vila Real.

A via estreita do Corgo chegou a ligar os concelhos da Régua, Vila Real, Vila Pouca de Aguiar e Chaves, mas no dia 01 de Janeiro de 1990 encerrou o troço Vila Real - Chaves.

Manuel Martins, presidente da Câmara de Vila Real, referiu não ter "razões para pensar que a linha do Corgo vai fechar" e defendeu um maior aproveitamento turístico desta via.

"Se queremos que o Douro seja o quarto destino turístico do país não podemos matar a galinha dos ovos de ouro", frisou.

Acrescentando que actualmente o comboio entre a Régua e Vila Real é maioritariamente utilizado por estudantes e é um importante meio de transporte para as localidades isoladas do concelho.

Para este responsável, a importância estratégica da linha mantém-se, só que, na sua opinião, a sua "componente turística não está devidamente aproveitada".

Francisco Ribeiro, presidente da Câmara de Santa Marta de Penaguião, mostrou-se apreensivo relativamente ao futuro da linha do Corgo e salientou que o comboio é o único meio de transporte público da população da localidade de Alvações do Corgo e dos estudantes do secundário que se deslocam diariamente para as cidades da Régua e Vila Real.

Disse ainda que a sua autarquia está disponível "para fazer um sacrifício financeiro" para colaborar na gestão desta linha "tão importante para a sobrevivência das populações" deste concelho.

Manuel Martins lembrou as promessas deixadas pelo Governo há 25 anos atrás, aquando das comemorações dos 75 anos da linha, de que esta seria "componente viva do Museu dos Transportes".

"Passados 25 anos é tempo de insistir na ideia e obter a declaração pretendida, com a diferença de que hoje, criado o Museu do Douro, deveria ser esta estrutura a acolher a linha do Vale do Corgo como sua componente viva", afirmou Manuel Martins.

Acrescentando que "esse seria um passo para impedir que esta linha viesse a ter o destino infeliz que muitos lhe auguram".

Para assinalar o centenário da linha do Corgo, a Câmara de Vila Real, em parceria com a CP e a REFER, descerrou uma placa evocativa dos obreiros deste troço, da autoria do Escultor Laureano Ribatua, integrando nomes de políticos e engenheiros que, durante, aproximadamente, três décadas, trabalharam no sentido de assegurar a construção daquela linha.

A construção da estação ferroviária de Vila Real, aliada à abertura da ponte metálica, que ocorreu dois anos antes, em 1904, originou o nascimento e a expansão de um novo bairro, para a margem esquerda desta cidade, dando lugar àquele que ficou conhecido, na altura, como o "Bairro dos Três Lagares".

Este bairro é objecto de uma exposição inaugurada hoje e que ficará patente ao público no Arquivo Municipal de Vila Real.

A partir de hoje também ficará patente na sala multiusos do Teatro de Vila Real a mostra "100 anos da Linha do Corgo", uma exposição iconográfica, focalizada na inauguração e primeira década de funcionamento daquela Linha.

Esta exposição, que estará patente ao público até 30 de Abril, irá estar em exibição, a partir da segunda quinzena de Junho, no Centro Histórico, todas as terças e sextas-feiras.

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