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Navio Mondego. Gouveia e Melo condena "ato de insubordinação"

por RTP
João Homem Gouveia - Lusa

O chefe do Estado-Maior da Armada esteve esta quinta-feira a bordo do navio Mondego, na Madeira, que falhou uma missão de acompanhamento de um navio russo. O almirante Gouveia e Melo lamentou o que descreveu como um "inadmissível" ato de disciplina e garantiu que este não será esquecido.

O chefe do Estado-Maior da Armada quis deixar claro, em declarações aos jornalistas, que "este ato vai ficar registado na nossa história, porque um ato de insubordinação nas Forças Armadas é um ato com uma gravidade muito grande”.

“A disciplina nas Forças Armadas é a essência das Forças Armadas", frisou. "A hierarquia existe porque há necessidade de disciplina, não é o contrário”.A embarcação russa que passou ao largo da Madeira seria, afinal, de espionagem. Esteve a fazer o levantamento dos cabos submarinos na região. A revelação foi feita pelo chefe do Estado-Maior da Armada no Funchal.

Criou-se as hierarquias, explicou Gouveia e Melo, "porque há necessidade de as forças militares, que trabalham sob stress, em risco de vida e em sistemas complexos, serem altamente disciplinadas".

Quando é quebrada a disciplina, "estamos a quebrar basicamente a essência das Forças Armadas".

"E nós não podemos permitir isso. E muito menos eu, enquanto comandante da Marinha, vou permitir que isto se alastre ou que possa passar despercebido”
.

“Por isso eu não posso esquecer”, ressaltou.
Questionado se este ato podia ser o fim da carreira destes militares, Gouveia e Melo recusou-se a “fazer julgamentos precipitados” e afirmou que está na Madeira para mostrar “que não é admissível atos de indisciplina”.

“O ato de indisciplina responde perante duas coisas: uma é regulamento de disciplina militar (…); e outra é perante as leis do país. Há leis que não permitem a indisciplina militar e não sou eu que as vou julgar”.

“Face ao ruído externo, fiz questão e mandar uma inspeção independente”, acrescentou Gouveia e Melo. Tratou-se, explicou, de avaliar se tinha havido algum erro na cadeia de comando.

E adiantou: “O navio não está nas melhores condições, mas os navios militares, face às suas redundâncias, operam mesmo com limitações”.

O chefe do Estado-Maior da Armada afirmou também que o caso dos 13 militares que se recusaram a embarcar no navio Mondego, incumprindo uma missão, vai ser notado pelos aliados portugueses.

“Não manchará, certamente, a nossa reputação, mas será notado pelos nossos aliados, isso tenho a certeza absoluta”, disse Gouveia e Melo à saída do NRP Mondego, no Porto do Funchal, depois de se ter dirigido à guarnição do navio, onde estavam os 13 elementos que se recusaram a embarcar no sábado.
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