Navio-escola Sagres. Diário de Bordo 16 de fevereiro

por Sofia Leite (jornalista) e Filipe Valente (repórter de imagem) - RTP

Sofia Leite (jornalista) e Filipe Valente (repórter de imagem) - RTP

O navio-escola Sagres está a cumprir desde o início de janeiro a viagem de circum-navegação, com partida em Lisboa. O percurso ocupará 371 dias. A bordo, durante parte da rota, seguem a jornalista Sofia Leite e o repórter de imagem Filipe Valente.

A bordo o domingo também pode ser de descanso, relativo. Hoje assim foi. Menos fainas, menos apitos, e algum repouso para a guarnição que aproveitou a redução da carga de trabalho para praticar exercicio fisico. Uns pedalam bicicletas de ginásio, e muitos outros fazem flexões e pesos, à cadência de música movimentada, ou de melodias cariocas. E também há os que simplesmente descansam ou conversam. 

O primeiro sinal da excepcionalidade do dia foi a alvorada surda. Às 7h00 da manhã, o clarim não tocou, uma regalia concedida pelo comandante. Também não houve formatura. Outro sinal da bondade do domingo: ao almoço foram servidas duas sobremesas, um gelado que debaixo do calor esmagador soube muito bem, e um fresco abacaxi brasileiro.

Continuamos a navegar em mar alto. No horizonte apenas se perfilam durante algumas horas, desfocados pela distância, dois vultos distantes que parecem ser cargueiros.

A monotonia do dia foi quebrada por um voo de treino da Força Aérea brasileira, que confundiu a Sagres com o navio escola do Brasil, o Cisne Branco. Depois de comunicarem por rádio com o comando da Sagres, ainda se enganaram e chamaram Saga à Sagres. 

Finalmente, rectificados todos os erros ou mal entendidos, o avião da patrulha maritíma presenteou-nos com dois voos muito baixos, um ladeando o navio, o outro sobrevoando-o. Uma oportunidade que o Comandante António Camilo Maurício aproveitou para fotografar, com uma lente 70- 200 F/2.8, um dos seus passatempos, que a bordo também faz parte das suas funções.

À noite, com a ausência de nuvens no céu e de luzes no navio, com a lua em quarto minguante, conseguímos ver a Via láctea salpicada por uma míriade de estrelas, e a destacar-se o Cruzeiro do sul. Uma brisa ligeira e o suave encontro das ondas com o casco do navio prometiam uma noite tranquila. Avançamos à velocidade média de 7 nós, rumo 215; às 22h00 a latitude era 26º 28 S.
PUB