António Louçã (jornalista) e Rui Manuel Silva (repórter de imagem) - RTP
O navio-escola Sagres está a cumprir desde o início de janeiro a viagem de circum-navegação, com partida em Lisboa. O percurso ocupará 371 dias. A bordo, durante parte da rota, seguem o jornalista António Louçã e o repórter de imagem Rui Silva.
O vento continua fraco, mas rodou ligeiramente e com isso permitiu largar pano: três velas do traquete e três do mastro grande. As da mezena permaneceram recolhidas. O navio que vinha a motor passou a navegar à vela e a velocidade reduziu-se mais ou menos para metade. Dos oito nós de ontem, passou hoje a pouco mais de quatro.
Rui Manuel Silva - RTP
Mas a perda de velocidade não é preocupante, porque íamos adiantados. E tudo o mais são ganhos. A Sagres tornou-se de repente uma nave majestosa (“fotogénica” diz-nos o comandante com orgulho). Em modo de movimento à vela, balança suavemente e faz muito menos ruído. À proa pode mesmo ouvir-se o silêncio, mitigado pelo ruído de uma ondulação ligeira e do vento fraco que agita as velas. Mais para a ré, ouve-se ainda o funcionamento dos geradores de bordo.
Os contratempos dificultam algumas actividades previstas. O treino da emergência de homem ao mar não pôde fazer-se porque a grua destinada a descer o bote salva-vidas avariou. O bombeamento de água para ser analisada pelo Instituto de Hidrografia, para determinar o teor de microplásticos no oceano, também não está a funcionar. Com as comunicações também tem havido dificuldades, que causam irregularidades na chegada deste diário de bordo e que os leitores do online saberão perdoar-nos.
Mas a perda de velocidade não é preocupante, porque íamos adiantados. E tudo o mais são ganhos. A Sagres tornou-se de repente uma nave majestosa (“fotogénica” diz-nos o comandante com orgulho). Em modo de movimento à vela, balança suavemente e faz muito menos ruído. À proa pode mesmo ouvir-se o silêncio, mitigado pelo ruído de uma ondulação ligeira e do vento fraco que agita as velas. Mais para a ré, ouve-se ainda o funcionamento dos geradores de bordo.
Os contratempos dificultam algumas actividades previstas. O treino da emergência de homem ao mar não pôde fazer-se porque a grua destinada a descer o bote salva-vidas avariou. O bombeamento de água para ser analisada pelo Instituto de Hidrografia, para determinar o teor de microplásticos no oceano, também não está a funcionar. Com as comunicações também tem havido dificuldades, que causam irregularidades na chegada deste diário de bordo e que os leitores do online saberão perdoar-nos.
Um outro projecto, este em colaboração com o INESCTEC, teve melhor fortuna, com o lançamento ao mar, hoje, de um grande “peixe” metálico, com sensores que captarão dados oceanográficos. Espera-se que os resultados sejam suculentos.
Durante a tarde, subimos ao traquete. Da gávea, é uma perspectiva magnífica sobre a tal nave fotogénica, principalmente se se chegar, como fizemos, ao segundo cesto. Mas as velas tapam parte da visão e não é possível fazer imagens tão impressionantes como as de um drone.
Em todo o caso, a escalada valeu pela vista e valeu pelo conhecimento do trabalho que fazem os marinheiros de manobras. O que para nós foi a aventura de um dia, sempre atentos a prender o arnês em cada degrau que subimos, para eles é o risco de todos os dias. Mesmo assim, trataram da nossa segurança como se fosse a menina dos seus olhos.
Entrevistámos também o comandante Maurício Camilo. Experimentado nestas lides ao longo de várias décadas, respondeu sobre as mudanças que nesse arco de tempo tem constatado nos oceanos, considerando tratar-se da resposta mais triste de todas. Nunca tinha passado por estas águas onde navegamos agora avistando tão poucos animais marinhos – aves, baleias, golfinhos, peixes - como agora. Os nossos oceanos poderão um dia tornar-se oceanos fantasmas.
Durante a tarde, subimos ao traquete. Da gávea, é uma perspectiva magnífica sobre a tal nave fotogénica, principalmente se se chegar, como fizemos, ao segundo cesto. Mas as velas tapam parte da visão e não é possível fazer imagens tão impressionantes como as de um drone.
Em todo o caso, a escalada valeu pela vista e valeu pelo conhecimento do trabalho que fazem os marinheiros de manobras. O que para nós foi a aventura de um dia, sempre atentos a prender o arnês em cada degrau que subimos, para eles é o risco de todos os dias. Mesmo assim, trataram da nossa segurança como se fosse a menina dos seus olhos.
Entrevistámos também o comandante Maurício Camilo. Experimentado nestas lides ao longo de várias décadas, respondeu sobre as mudanças que nesse arco de tempo tem constatado nos oceanos, considerando tratar-se da resposta mais triste de todas. Nunca tinha passado por estas águas onde navegamos agora avistando tão poucos animais marinhos – aves, baleias, golfinhos, peixes - como agora. Os nossos oceanos poderão um dia tornar-se oceanos fantasmas.