Na Figueira Foz, protesto contra terminal de autocarros juntou utentes e motoristas
Meia centena de motoristas de autocarro e utentes do novo terminal rodoviário da Figueira da Foz manifestaram-se hoje contra as condições daquele espaço, inaugurado em Agosto, exigindo casas de banho e local de refeições.
No protesto, promovido no terminal (junto à estação da CP) pelo Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos do Centro (STTRUC), os motoristas de três empresas rodoviárias colocaram mesas e cadeiras ao ar livre, simulando as condições que não possuem no local de trabalho.
O novo terminal rodoviário da Figueira da Foz, que a autarquia assume como "provisório", foi inaugurado a 30 de Agosto, num espaço ao ar livre, anexo à estação de comboios, na entrada da cidade.
Vem substituir o anterior terminal, situado numa zona central da Figueira da Foz, que ali funcionava há mais de 20 anos e que foi recentemente transformado em parque de estacionamento gratuito, enquanto não é definido o destino a dar ao espaço.
Hoje, na sequência da acção de protesto, motoristas e utentes deslocaram-se à Câmara Municipal, onde entregaram uma resolução que considera que a autarquia "decidiu encerrar o terminal sem primeiro tomar as medidas para arranjar alternativa com a dignidade que trabalhadores e utentes merecem".
No documento frisam ainda que a Câmara optou, ao invés, "por proceder a um autêntico despejo pondo os passageiros e trabalhadores na rua".
Os motoristas reivindicam instalações "para tomar as suas refeições e local apropriado para fazer as necessidades fisiológicas", exigindo das empresas rodoviárias a criação dessas condições.
Caso as empresas não respondam de forma afirmativa às suas reivindicações, os motoristas admitem recorrer à greve.
Já os passageiros das carreiras suburbanas, que decidiram criar uma comissão de utentes, sublinham, no documento, estar a ser "duplamente prejudicados", dado que, alegam, lhes "foi vedado o acesso ao centro da cidade" sem que possam "viajar com o mesmo bilhete na empresa que faz os serviços urbanos".
Em declarações aos jornalistas, Artur Reis, dirigente do STTRUC, considerou o encerramento do anterior terminal "uma medida desajustada".
Já quanto às condições que os motoristas reivindicam das empresas, o sindicalista frisou que os trabalhadores "deviam ter pelo menos direito a uma mesa e uma cadeira para tomarem uma refeição com dignidade", disse.
Lídio Lopes, delegado municipal de Segurança e Trânsito e um dos responsáveis autárquicos que recebeu os contestatários, sustentou, em declarações à Agência Lusa, que o terminal antigo e o actual "têm filosofias diferentes".
"O conceito de terminal rodoviário alterou-se. Passou de um local de estacionamento de autocarros e instalações das empresas pagas à Câmara para um ponto de encontro entre os passageiros e os transportes", disse.
Segundo Lídio Lopes, as empresas rodoviárias terão, no novo espaço, "que não é pago, de criar condições para os seus funcionários".
Já quanto às reivindicações dos utentes, o mesmo responsável lembrou que o novo terminal "é uma obra provisória" até à edificação do futuro terminal intermodal, em terrenos da REFER, estrutura que deverá "demorar algum tempo" a estar concluída.
"Todos ficam de alguma forma prejudicados, aceitamos que as condições não sejam as ideais" assumiu.
Lídio Lopes frisou que a Câmara Municipal "desafiou as empresas a criar um cartão de utente" que permitisse aos passageiros dos transportes suburbanos utilizar a carreira urbana, lamentando, no entanto, que as empresas rodoviárias "não pareçam interessadas".
Já quanto às condições físicas do novo terminal, a Câmara anunciou a colocação "daqui a 15 dias" de "vidros de protecção" na zona das bilheteiras.
No entanto, a cobertura do terminal, anunciada para finais de Outubro, "só estará no local na segunda semana de Dezembro", afirmou.
Confrontado com queixas dos utentes sobre a alegada impossibilidade destes utilizarem o bar, sala de espera e instalações sanitárias da estação de comboios, Lídio Lopes frisou que tinha sido "assumido" entre a autarquia e a REFER essa utilização.
A propósito, prometeu "verificar o que se passa".
JLS