Há três novos vencedores no programa "Movimento Faz Pelo Planeta By Electrão". Esta iniciativa, agora na segunda edição, continua a ter como objetivo dar a conhecer novos ativistas e atores ambientais, denominados como "big changers", e que diariamente fazem a diferença em prol do ambiente, de forma a influenciar outros a adotarem comportamentos mais sustentáveis.
Todos estes vencedores vão receber, por parte do programa Movimento Faz Pelo Planeta By Electrão, um prémio pecuniário destinado a impulsionar os projetos vencedores.
Esta iniciativa começou em 2021 quando o Electrão iniciou a procura de big changers ou agentes de mudança, de forma a provar que os gestos individuais podem fazer a diferença.
Desde então descobriu exemplos de relevo: Lídia Nascimento, tradutora de inglês-alemão, que há mais de 20 anos recolhe lixo das praias, foi a grande vencedora da primeira edição do Movimento Faz Pelo Planeta.
Atribuiu ainda menções honrosas a Carlos Dobreira e Miguel Lacerda que se destacaram pelas acções de plogging, uma combinação de corrida com recolha de lixo, e Miguel Lacerda, fundador da Associação Cascaisea, que dedica a sua vida à sensibilização para a problemática do lixo marinho, com estudos, livros e formações.
Nesta segunda edição, houve mais de 70 projetos a concurso.
Plástico, tecidos e redes sociais. “Tudo se transforma”
No programa Movimento Faz Pelo Planeta By Electrão, a célebre lei de Lavoisier - “Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” - é perfeita para descrever esta iniciativa onde a componente criatividade e criação de novos produtos, derivados de materiais reutilizados, é a matéria de base de qualquer candidatura.
Tal como no concurso anterior, o “movimento” desenvolvido pelo Electrão voltou a ter a procura de dezenas de empresas que usam a reutilização e sustentabilidade ambiental na criação e promoção dos seus produtos e ações. De entre os 70 a concurso este ano, os vencedores foram Oiá Plast, a Vintage For a Cause e a Rotaeco.
1.º prémio: Oiá Plast - Plástico reciclado à mão
Decorria o ano de 2019 quando Isabel Bourbon não ficou indiferente ao ver as paisagens paradisíacas da ilha de São Vicente, em Cabo Verde, invadidas por plástico proveniente dos quatro cantos do mundo. Imagens que a levaram a agir.
“Transformar esse plástico invasor em objectos pretendidos, enquanto limpávamos praias e mobilizávamos a comunidade para a problemática dos plásticos, foi a nossa missão de quase dois anos de actividade em Cabo Verde”, conta a co-fundadora da Oiá Plast.
Fonte: Oiá Plast-DR
Em março de 2021 mudou-se para Cabeceiras de Basto, perto de Braga, onde atualmente dá o seu contributo para impedir que os plásticos cheguem ao mar e se depositem nas praias.
A Oiá Plast trabalha agora na sensibilização e no envolvimento da comunidade para a problemática do plástico, dinamizando workshops de reciclagem, promovendo comportamentos mais conscientes e levando estes ensinamentos não só às escolas mas também ao comércio e empresas que funcionam como pontos de recolha, com o contributo da população local.Às instalações da Oiá chegam, todos os dias, resíduos de plástico que são transformados em diferentes objectos, desde peças decorativas a jogos. Desta forma evita-se que milhares de objetos sejam depositados um pouco por todo o lado, onde chega a presença do consumo humano.
“Na nossa oficina pensamos novos usos para o plástico. Aproveitamos as suas características únicas para criar objetivos úteis, pretendidos e, acima de tudo, feitos para durar”, descreve Isabel Bourbon. “Queremos mudar a forma como as pessoas olham para os resíduos plásticos e afastá-los dos aterros e do meio ambiente.”
Este projeto já permitiu a recolha e reciclagem de cerca de 350 quilos de plástico e a finalidade “não é apenas reciclar.” A dinamizadora da Oià cria objetos com valor e propósito de forma a que quem os adquire volte a usar este material, com novas funcionalidades, feito a partir da matéria-prima que era considerado lixo.
Mais do que uma marca de roupa, a fundadora da Vintage For a Cause diz querer fazer a diferença através de um projecto que é para o planeta e para as pessoas. “Criamos moda intemporal com resíduos têxteis e com uma causa maior que é a de capacitar e ‘empoderar’ mulheres desempregadas com mais de 50 anos”, acrescentou Helena Antónia.
E porque a mudança só acontece de forma colectiva, Helena Antónia refere que por essa razão a Vintage For a Cause trabalha de mãos dadas com empresas de design, produtores e consumidores, através de workshops e acções de sensibilização, com o fim de promover modelos de consumo mais responsáveis.Ao longo de dez anos, mais de mil mulheres já estiveram envolvidas no projecto, que permitiu, ao mesmo tempo, evitar cerca de cinco toneladas de resíduos, o que equivale a uma poupança de mais de 22,5 milhões de litros de água e 56 toneladas de emissões de dióxido de carbono.
A Economia Circular é a base do projecto de moda sustentável criado em 2013, que seleciona e resgata resíduos têxteis de pré-consumo que são depois transformados em coleções de moda por costureiras fora da vida ativa, sinalizadas no âmbito do programa de empoderamento feminino e capacitação From Granny To Trendy.
Após o programa as participantes tornam-se Mending Tutors (monitoras), voluntárias e/ou costureiras.
Foto: RTP/Biosfera
A Vintage For a Cause tem, assim, um forte impacto positivo ao nível social, mas contribui também para a redução do desperdício têxtil.
3.º prémio: Rotaeco - No trilho da sustentabilidade
O projecto Rotaeco, nascido no ano de 2020 em plena pandemia covid-19, surgiu para inspirar a mudança através da capacitação dos jovens para a sustentabilidade de forma a que estes consigam adquirir hábitos mais sustentáveis e com papel ativo na mudança.
“Com publicações informativas nas redes sociais, desmistificamos temas com informação fidedigna e muitas dicas”, resume uma das fundadoras do projecto, Cláudia Severino.
A Academia Rotaeco destina-se sobretudo aos jovens universitários do Porto, mas mais do que explicar o problema aos estudantes, envolve-os para que façam parte da solução.
O trilho do Rotaeco tem deixado rasto nas redes sociais, mas também em workshops, webinars, feiras de sustentabilidade e outras acções, como recolha de roupa em segunda mão para venda solidária.
Cláudia Severino acredita que a educação dos jovens que estão prestes a entrar no mercado de trabalho é essencial para garantir cidadãos mais activos politicamente e consumidores mais conscientes, o que é crucial para uma mudança de paradigma.
Foto: Rotaeco/Instagram
“Os jovens querem participar, só precisam de alguém que os ouça e que os informe sobre o tema da sustentabilidade, e é isso que temos feito”, sublinha Cláudia Severino.
Um movimento que continua a crescer
O sucesso e a procura por esta iniciativa e temática é a prova que a mudança em prol da sustentabilidade, reutilização e ambiente é o caminho certo dentro da organização Electrão, que quer dar continuidade a esta dinâmica de inspirar os portugueses e conquistar mais pessoas para a causa da sustentabilidade.
O “Movimento Faz Pelo Planeta” pretende assim contribuir para a criação de uma autêntica comunidade de activistas ambientais, que são exemplos perfeitos de como é possível pensar globalmente e agir localmente.
Esta iniciativa tem como parceiros governamentais a Agência Portuguesa do Ambiente e o Instituto Português do Desporto e Juventude. Entre os parceiros associativos e empresariais do movimento estão a Deco Proteste; Quercus; Liga dos Bombeiros Portugueses; Corpo Nacional de Escutas; EGF; ESGRA; Lidl Portugal e Veolia.