O Conselho de Administração do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, determinou esta terça-feira a abertura de um processo de inquérito, com caráter de urgência, sobre o caso da morte de um idoso que aguardou várias horas, naquela unidade, pela transferência para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
O hospital explica que, “apesar da avaliação preliminar não permitir estabelecer qualquer relação entre o tempo de permanência na urgência, a assistência prestada e o desfecho que veio a verificar-se, o Conselho de Administração determinou a abertura de um processo de inquérito com carácter de urgência para cabal apuramento dos factos". O paciente deu entrada no Hospital de Loures cerca das 13h00 de segunda-feira com uma fratura na perna. O idoso foi visto e, mais tarde, soube-se que iria ser transportado para o Hospital de Santa Maria. Mas cinco horas e meia depois acabou por morrer no corredor do hospital.
O Beatriz Ângelo alegou não ter viaturas para transferir o doente, mas o comandante dos Bombeiros Voluntários de Camarate, Luís Martins, explicou à RTP que a corporação tinha uma ambulância à porta, só que a unidade impediu o transporte.
Luís Martins acrescentou que esta não é a primeira vez que tal acontece no Hospital de Loures, devido à falta de capacidade de resposta ou por burocracias.A RTP apurou que durante o dia de segunda-feira chegaram a estar 22 ambulâncias com doentes à espera de serem atendidos ou à espera de transferência para outros hospitais.
Contactada na segunda-feira pela RTP, a Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde remeteu esclarecimentos para a administração da unidade hospitalar.
Comissão de utentes exprime "muita preocupação"
Por sua vez, em comunicado, a Comissão de Utentes do Hospital Beatriz Ângelo diz estar a acompanhar “com muita preocupação” a situação ocorrida na segunda-feira.
A comissão explica que muitos utentes estiveram várias horas à espera devido a um “pico de procura” dos serviços de urgência – uma situação que ocorre “desde que o hospital abriu em situações análogas, assim como noutros hospitais”.
“Este pico de procura poderá ter lamentavelmente levado ao falecimento inesperado de um idoso, por causas ainda não apuradas, o que é algo inadmissível”, lê-se no comunicado.
A comissão explica que muitos utentes estiveram várias horas à espera devido a um “pico de procura” dos serviços de urgência – uma situação que ocorre “desde que o hospital abriu em situações análogas, assim como noutros hospitais”.
“Este pico de procura poderá ter lamentavelmente levado ao falecimento inesperado de um idoso, por causas ainda não apuradas, o que é algo inadmissível”, lê-se no comunicado.
Segundo a comissão, esta situação de falta de capacidade de resposta nos serviços de urgência deve-se “à falta de profissionais que possam responder às necessidades da população, falta essa agravada pelo período de férias em que nos encontramos e pela situação meteorológica que proporciona picos de procura e que não são respondidos pelos centros de saúde que enfermam da mesma falta de pessoal médico e de enfermagem”.
Por este motivo, a comissão volta a apelar a um maior investimento no SNS, afirmando que “a falta de profissionais no SNS se deve a uma clara falta de investimento por parte do Governo neste, sem que se vislumbre qualquer iniciativa no sentido de lhes dar as condições de trabalho necessárias e que permita a sua fixação no sector público”.
Por este motivo, a comissão volta a apelar a um maior investimento no SNS, afirmando que “a falta de profissionais no SNS se deve a uma clara falta de investimento por parte do Governo neste, sem que se vislumbre qualquer iniciativa no sentido de lhes dar as condições de trabalho necessárias e que permita a sua fixação no sector público”.
A Câmara Municipal de Loures lamenta a morte do idoso e diz estar a aguardar os resultados do processo do inquérito.
Em nota enviada às redações, a autarquia diz estar "igualmente atenta e a acompanhar com preocupação a situação na urgência desta unidade hospitalar, que está a prejudicar os utentes do concelho de Loures, nomeadamente por falta de capacidade de resposta".