Morreu Joana Marques Vidal, antiga procuradora-geral da República

por Andreia Martins - RTP
António Cotrim - Lusa (arquivo)

A antiga procuradora-geral da República morreu esta terça-feira no Hospital de São João, no Porto. Joana Marques Vidal ocupou o cargo entre 2012 e 2018.

Joana Marques Vidal tinha 68 anos e antecedeu a Lucília Gago como procuradora-geral da República. Foi a primeira mulher a ocupar este cargo, num mandato que ficou marcado pelos megaprocessos do caso Marquês e do universo Espírito Santo.

A ex-procuradora morreu esta terça-feira no Hospital de São João, no Porto, onde estava internada há várias semanas, vítima de doença prolongada.

Numa nota de pesar publicada na página do Ministério Público, a procuradora-geral da República, a Procuradoria-Geral da República e o Conselho Superior do Ministério Público "manifestam profundo pesar" pela morte de Joana Marques Vidal.

Mais acrescenta que o velório se irá realizar no dia 10 de julho, entre as 14h00 e as 22h00, na Capela de São Lourenço, em Pedaçães, Águeda. As cerimónias fúnebres vão decorrer a 11 de julho pelas 14h00, seguindo-se a cremação no crematório de Aveiro. A missa de sétimo dia será celebrada na Basílica da Estrela, em Lisboa, no dia 15 de julho, lê-se ainda na nota de pesar.

Em reação à morte da ex-PGR, o presidente da República assinala que Joana Marques Vidal "desempenhou um relevante papel na sociedade portuguesa, como jurista ilustre, magistrada com profundas preocupações sociais e funções de liderança", nomeadamente enquanto procuradora.

Numa nota publicada na página da presidência, Marcelo Rebelo de Sousa sublinha que a antiga procuradora "granjeou o respeito e o apoio de pares, subordinados e da sociedade em geral, nunca deixando de se dedicar a uma pedagogia democrática, com destaque para a participação cívica e a defesa dos direitos fundamentais, neles avultando o papel da mulher e a defesa dos mais frágeis e discriminados".

O chefe de Estado acrescenta que "ainda há duas semanas" acompanhou, no Porto, a sua "luta pela vida" e apresenta à família, amigos e colegas "os mais emocionados sentimentos". 

Também o Ministério e a ministra da Justiça reagiram esta terça-feira à morte de Joana Marques Vidal, lamentando a perda de uma "magistrada notável".

A ministra da Justiça diz que se junta "aos que vão sentir a sua falta e aos que lhe prestam tributo pelo seu carácter, retidão e dedicação à Justiça”.

Numa nota enviada às redações, o Ministério acrescenta que Joana Marques Vidal "será sempre merecedora da nossa homenagem, admiração e gratidão".

Joana Marques Vidal nasceu em 1955, em Coimbra, e era procuradora-geral adjunta jubilada. Chegou ao topo da hierarquia do Ministério Público em 2012, nomeada pelo então presidente da República, Cavaco Silva, sucedendo ao antigo procurador Fernando Pinto Monteiro. 

O antigo presidente da República também já reagiu à morte de Joana Marques Vidal, afirmando que recebeu a notícia com "profunda consternação".

"Ainda antes de a nomear como Procuradora-Geral da República em 2012, fiquei convencido pela sua honestidade e a sua ponderação", sublinha Aníbal Cavaco Silva na nota enviada esta terça-feira às redações.

O antigo chefe de Estado destaca a "firmeza" com que Joana Marques Vidal exerceu o seu mandato e considera mesmo que deu "uma nova dinâmica à investigação criminal".

Cavaco Silva elogia a "maneira equilibrada como geriu casos de elevada complexidade" e considera que Joana Marques Vidal "prestou serviços muito relevantes a Portugal".

"A sua partida inesperada, demasiado cedo, priva-nos de uma opinião sóbria, séria e relevante no mundo da Justiça", acrescenta ainda o antigo presidente da República.

Também o primeiro-ministro manifestou pesar pela morte de Joana Marques Vidal. Numa mensagem publicada através da rede social X (antigo Twitter), Luís Montenegro elogiou a "magistrada notável" e destacou o "rigor, imparcialidade e excelência" da ex-procuradora durante o seu mandato.


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