O arquitecto Fernando Távora faleceu hoje de manhã, aos 82 anos, no Hospital Pedro Hispano, Matosinhos, vítima de doença prolongada.
O arquitecto, que nasceu no Porto, em 25 de Agosto de 1923, estava há já dois dias internado naquele hospital devido a complicações do seu estado de saúde.
O corpo do arquitecto, que prestou sempre atenção às paisagens originais, utilizando-as como dados culturais que devem ser integrados no diálogo com a construção final, foi já transferido para Guimarães, encontrando-se em câmara ardente na capela da casa de família.
Fernando Luís Cardoso de Meneses de Tavares e Távora estudou na Escola Superior de Belas Artes do Porto, tendo defendido tese em 1952.
Mais tarde, Fernando Távora integrou o jovem e inovador corpo daquela instituição que, dirigida por Carlos Ramos, viria a tornar-se conhecida como a "Escola do Porto".
Autor de obras de raiz, privadas e públicas, destacam-se a reorganização urbana em Aveiro e Guimarães, onde esteve à frente da empreitada da Câmara Municipal, e a Pousada de Santa Marinha.
Foi também Fernando Távora que interveio na renovação do Museu Soares dos Reis, Porto, Convento dos Refóios, que foi adaptado para a Escola Agrária em Ponte de Lima, e na recuperação do Palácio do Freixo, Porto.
Arquitecto da Câmara do Porto desde 1948, Távora ingressou nos quadros da escola onde estudou dez anos depois.
O seu mais famoso discípulo, Álvaro Siza Vieira, afirmou um dia que a pedagogia de Fernando Távora "não tem a ver com modelos, mas com respostas sistemáticas, know how".
"Não exclui ferramenta, mas tem a ver com humana condição, abertura, prudência, compreensão, permissividade por vezes, dúvida, vontade, intransigência. Um leque de contradições a que não bastam os 180 graus, do qual nascem lições de Arquitectura", referiu Siza Vieira.