Morreu aos 92 anos o antigo ministro da Saúde Paulo Mendo. Foi o titular da pasta no XII Governo Constitucional, entre 1993 e 1995.
Paulo Mendo chegou a cursar Belas Artes, mas voltou a Medicina. O médico e antigo governante chegou a ser preso pela PIDE durante dois meses e meio, juntamente com membros de associações académicas.
"A necessidade levou-o a improvisar técnicas radiológicas aplicadas ao sistema nervoso, acabando por se diferenciar nesta área, fundando literalmente a especialidade de Neurorradiologia, em Portugal e no mundo, com a ajuda de José de Almeida Pinto”, sublinha na nota José Barros.
No início dos anos 60, Mendo foi para Rabat (Marrocos), por oposição à guerra colonial, onde fundou o primeiro Serviço de Neurocirurgia de Marrocos, com Mário Leão Ramos, regressou a Portugal e ao Hospital de Santo António em agosto de 1974, tendo integrado a Comissão de Trabalhadores.
Foi um político republicano e laico, que transitou do marxismo, para o reformismo e para social-democracia.
Paulo Mendo teve funções enquanto diretor do Serviço de Neurorradiologia (1976-2000), diretor do Hospital de Santo António (1988-1993), presidente do Conselho Diretivo do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (1984-1988), secretário de estado da Saúde (governo de Mário Soares, 1976-1977), secretário de estado da Saúde (governo de Pinto Balsemão, 1981-1983) e ministro da Saúde (governo de Aníbal Cavaco Silva, 1993-1995).
Segundo José Barros, “colaborou ativamente” na preparação do Decreto-Lei 310/82, o diploma das carreiras médicas e aposentou-se no ano 2000. Em 2015, presidiu às comemorações dos 75 anos de Neurologia e Neurociências no Norte de Portugal (NeuroPorto.75).
Paulo Mendo manteve-se interveniente em matéria de Saúde, destacando-se os seus alertas contra a burocratização e o subfinanciamento crónico do SNS.
C/Lusa