Morreu antigo ministro da Economia e das Finanças Joaquim Pina Moura

por RTP
Imagem de arquivo Reuters

O ex-ministro da Economia e das Finanças Joaquim Pina Moura morreu esta quinta-feira em casa, em Lisboa, aos 67 anos, devido a doença neurodegenerativa.

Pina Moura foi também professor catedrático e presidente do Conselho de Governadores do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento.

A notícia da morte foi confirmada à agência Lusa pelo filho, o fotojornalista João Pina.

Natural de Loriga, Seia (distrito da Guarda), Pina Moura frequentou o curso de Engenharia Mecânica na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e foi dirigente da Associação de Estudantes entre 1972 e 1974.

Licenciado em Economia, obteve uma pós-graduação em Economia Monetária e Financeira pelo Instituto Superior de Economia e Gestão, onde foi assistente.

Foi membro do Partido Comunista Português entre 1972 e 1991, tendo aderido ao Partido Socialista em setembro de 1995.

Joaquim Pina Moura exerceu o cargo de secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro António Guterres até 1997, ano em foi nomeado ministro da Economia do XIII Governo Constitucional.

Em 1999, foi nomeado ministro das Finanças e da Economia do XIV Governo Constitucional, também liderado por António Guterres.

Com a queda de Guterres, em 2002, Pina Moura continua na Assembleia da República, onde chegara em 1995, e iniciou uma carreira ligado a grandes empresas.

Foi administrador da Galp e presidente da Iberdrola Portugal - em acumulação com o cargo de deputado, o que lhe valeu uma onda de críticas no partido e fora dele.

Nos últimos anos, após ter adoecido, Joaquim Pina Moura retirou-se da vida pública, fazendo algumas estadias na zona de Loriga, sua terra natal.
Homem “inteligente” com “um papel muito importante”
João Cravinho, antigo ministro num dos governos que incluiu Pina Moura, recordou-o como “uma pessoa muito inteligente, muito ágil na sucessiva elaboração”.

“À medida que ele próprio ia recebendo informação, realimentava-se no seu raciocínio. Não era uma pessoa que tivesse um esquema mental rígido, bem pelo contrário, era um homem dialogante e que se servia do diálogo para ele próprio ir confrontando posições anteriores suas”, declarou Cravinho.

A jornalista da área de economia Helena Garrido também reagiu à morte de Pina Moura, que considerou “uma referência fundamental na área da política económica”.

“Teve um papel muito importante nos governos de António Guterres”, considerou. “É da cabeça de Pina Moura (…) a ideia de juntar a economia com as finanças, numa tentativa de resolver aquele conflito que existia sempre entre os objetivos do Ministério da Economia e os objetivos do Ministério das Finanças”, explicou.

“Não foi uma experiência muito bem-sucedida, mas Pina Moura conseguiu convencer António Guterres na perspetiva de conciliar os dois mundos, o mundo financeiro e o mundo das políticas económicas”, acrescentou.

O atual ministro de Estado, da Economia e Transição Digital, Pedro Siza Vieira, salientou a "militância política destacada" do antigo ministro Pina Moura.

Numa nota enviada à comunicação social, Pedro Siza Viera refere que "Pina Moura teve militância política destacada, antes e depois do 25 de abril".

"À família enlutada apresento sentidas condolências", escreve Pedro Siza Vieira.

c/ Lusa
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