Mais de 30 pessoas/ano morreram em média em Portugal entre 1995 e 2003 por intoxicação com monóxido de carbono, uma situação que levou responsáveis públicos e privados a desenvolveram uma campanha de sensibilização, que será lançada sábado.
"Monóxido de Carbono - Não se Vê. Não se Cheira. Não se ouve.
Mas mata" é o tema da campanha nacional, dinamizada pela Direcção- Geral de Geologia e Energia (DGGE) e que se realiza pela primeira vez no país.
De acordo com dados fornecidos pela DGGE, de 1995 a 2003 morreram 268 pessoas em Portugal.
"O monóxido de carbono é um gás muito tóxico, mas inodoro, incolor e insípido (sem sabor), que se mistura facilmente no ar ambiente de uma habitação, sem que as possíveis vítimas tenham consciência de estar expostas a uma atmosfera susceptível de provocar intoxicações e mesmo a morte", explica a DGGE.
A esta campanha associam-se algumas das principais empresas do sector energético, como a BP, a EDP, a GalpEnergia, a Repsol e a Vulcano.
A Beiragás, a Dianagás, a Dourgás, a Duriensegás, a Esso, a GasCan, o Instituto Tecnológico do Gás, a Lisboagás, a Lusitâniagás, a Medigás, a Portgás, a Setgás, a Tagusgás e a RTP são outras entidades parceiras na iniciativa.
A campanha consiste em mais de 200 anúncios televisivos, que passarão na RTP, com a duração de 30 segundos cada, cuja mensagem se concentra na necessidade de garantir a boa instalação e manutenção dos aparelhos de queima.
Os avisos vão também passar em várias estações de rádio (Antena 1, RFM e Comercial), com dois conselhos práticos: garantir o bom funcionamento dos aparelhos e evitar a sua instalação em locais fechados ou com pouca ventilação.
Estes conselhos vão estar ainda na imprensa, a par de informações sobre os perigos do monóxido de carbono.
Juntamente com as facturas de gás e electricidade vai ser distribuído um folheto informativo.
Cartazes nas ruas fazem igualmente parte da campanha, que disponibiliza informação mais detalhada no site www.dgge.pt.
Muitos aparelhos usados no dia-a-dia funcionam com base em combustíveis - sólidos (lenhas e carvão), líquidos (petróleo e gasóleo) ou gasosos (gás natural, propano, butano ou GPL) - cuja queima pode ser fonte de monóxido de carbono.
A campanha aconselha as pessoas a prestarem especial atenção a caldeiras, salamandras, esquentadores, aquecedores portáteis, fogões, braseiras, motores térmicos fixos e motores de automóveis em garagens.
Podem ser causa de acidentes por formação ou acumulação de monóxido de carbono a montagem incorrecta dos aparelhos de queima, aparelhos fixos para aquecimento ambiente ou para produção de água quente, aquecedores portáteis, braseiras a carvão, fogões, placas de cozinha e fogareiros.
As condutas e chaminés obstruídas ou mal dimensionadas, provocando uma deficiente saída dos produtos da combustão, são igualmente perigosas.
A falta de ventilação do compartimento onde está instalado o aparelho, a deficiente manutenção, degradação devido à antiguidade e má conservação dos aparelhos, assim como a utilização desadequada de certos equipamentos (por exemplo aquecedores portáteis), são outros factores de risco.
Uma outra análise dos acidentes resultantes de intoxicações com monóxido de carbono, efectuada com base no Sistema Europeu de Vigilância de Acidentes Domésticos e de Lazer, entre 1987 e 1999, demonstrou que a maioria dos acidentes/intoxicações por gás ou monóxido de carbono ocorre no Outono/Inverno e tem origem em equipamentos para aquecimento, como caldeiras e salamandras, que normalmente são deixadas acesas durante a noite, por esquecimento.
A perigosidade destes acidentes reflecte-se no número de hospitalizações e óbitos registados anualmente com origem no monóxido de carbono (nove por cento dos acidentes ocorridos por intoxicação/envenenamento).
A taxa de letalidade (relação entre o número de óbitos e o número de vítimas) é de cinco por cento.
Os grupos mais susceptíveis aos efeitos do monóxido de carbono são as crianças, os idosos e as pessoas com doenças cardíacas, respiratórias ou anemia.
Os trabalhadores de garagens, portageiros e polícias de trânsito estão também muitos expostos, uma vez que os automóveis libertam para a atmosfera elevadas quantidades de monóxido de carbono.
Penetrando no organismo através da respiração, o monóxido de carbono entra com facilidade nos pulmões e no sangue, combinando-se com a hemoglobina e dificultando o transporte de oxigénio para os tecidos.
AH/SO.
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