Moita Flores acusa Orlando Romano de divulgar "teoria da cabala"

por Agência LUSA

Moita Flores, antigo inspector da PJ, acusou Orlando Romano, actual director nacional da PSP, de ter colocado na Comunicação Social, a propósito do processo Casa Pia, a ideia de que havia um grupo a tentar prejudicar o PS.

A notícia sobre a alegada "cabala" surgiu no semanário Expresso na altura da detenção do ex-ministro socialista Paulo Pedroso, e, segundo a mesma, haveria um grupo de pessoas, incluindo Moita Flores, que pretendia atingir o PS e o seu líder na altura, Ferro Rodrigues, e ilibar os actuais arguidos.

"Sei que foi ele", afirmou hoje Moita Flores em tribunal, na 241ª sessão do julgamento do processo Casa Pia, referindo-se a Orlando Romano, na altura magistrado do Ministério Público.

Em resposta a uma pergunta de Ricardo Sá Fernandes, advogado de Carlos Cruz, o actual presidente da Câmara de Santarém adiantou que teria sido Orlando Romano quem "inventou" a história para a comunicação social, e que o seu envolvimento (Moita Flores) se deveu a uma inimizade antiga entre ambos.

Moita Flores explicou que, devido a essa notícia, sentiu a necessidade escrever uma carta a Ferro Rodrigues (que deixou na sede do partido), onde alertava para a existência de interesses em atingir o PS e o seu líder e que estes vinham de dentro do próprio partido.

Na sessão de hoje, Moita Flores também negou que alguma vez tivesse visto uma fotografia de Carlos Cruz com uma criança (em actos ligados a pedofilia), que lhe teria sido mostrada pelo agente Jorge Cleto, da PJ.

No final da sessão em que foi ouvido como testemunha, Moita Flores ainda disse que falou com o jornalista Jorge Van Krieken depois de ter sido ouvido em julgamento no passado dia 18, e referiu que vai pedir certidões para proceder criminalmente contra quem o ofendeu, no âmbito do processo Casa Pia.

Na audiência de hoje também foi ouvida uma familiar de uma das alegadas vítimas, tendo afirmado que o jovem em causa lhe disse que nunca teve relações pedófilas com o arguido e ex-provedor adjunto Manuel Abrantes, embora tenha dito que as teve com os arguidos Carlos Cruz e Ferreira Diniz, numa casa em Elvas.

Um morador na casa da Avenida das Forças Armadas, em Lisboa, onde segundo a acusação também aconteceram abusos sexuais por parte do ex-apresentador de televisão, foi outra das testemunhas ouvidas e que garantiu nunca ter visto no edifício quer Carlos Cruz, quer jovens não moradores.

A mesma testemunha disse também que recebeu uma carta, enviada pela mulher de Carlos Cruz, na qual esta lhe pedia para que dissesse a verdade quando fosse prestar declarações em tribunal.

A juíza que preside ao colectivo, Ana Peres, solicitou a junção da carta ao processo e o tema acabou por suscitar mais uma acesa discussão entre os advogados José Maria Martins (de Carlos Silvino da Silva - "Bibi") e Ricardo Sá Fernandes.

A acesa troca de palavras, com Ricardo Sá Fernandes a protestar por ser "sistematicamente" insultado por José Maria Martins, obrigou a juíza a elevar a voz por duas vezes, a exigir que parassem imediatamente com as acusações.

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