Ministro rejeita falha de segurança na instalação de passadeira no palco-altar
O ministro da Administração de Interna rejeitou hoje ter existido uma falha de segurança na instalação da "passadeira da vergonha" no palco-altar da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no Parque Tejo, em Lisboa.
"Não se trata de nenhuma falha de segurança. (...) A informação que tenho do Sistema de Segurança Interna (SSI) é de que ainda estão a decorrer obras no local. Os vários empreiteiros e subempreiteiros encontram-se a prestar os seus serviços", afirmou José Luís Carneiro, em Fátima (Santarém), onde hoje visitou o dispositivo da Guarda Nacional Republicana (GNR).
O artista Bordalo II estendeu uma "passadeira da vergonha", composta por representações de notas de 500 euros, no palco-altar no Parque Tejo, em Lisboa, numa crítica aos "milhões do dinheiro público" investidos para receber o Papa JMJ, que decorre de 01 a 06 de agosto, estando prevista uma deslocação de Francisco ao Santuário de Fátima.
Segundo o governante, "a Câmara Municipal de Lisboa é quem tem a responsabilidade e a guarda daquele local", e "a segurança privada é quem garante o apoio aos trabalhos que estão em curso", referindo que no espaço "as pessoas circulam".
Entretanto, numa nota enviada à comunicação social, o secretário-geral do Sistema de Segurança Interno, Paulo Vizeu Pinheiro, esclareceu que "a área em causa é da responsabilidade da PSP [Polícia de Segurança Pública]", mas, por "decorrerem trabalhos de construção na zona do palco, o espaço ainda não é considerado um espaço público, sendo responsabilidade do empreiteiro da obra, bem como da empresa privada contratada para o serviço de segurança".
"Nesta fase, o fluxo de construção obriga à entrada e saída de muitos funcionários nas diferentes áreas do recinto", explicou Paulo Vizeu Pinheiro na nota, destacando que "o plano setorial de segurança do Parque Tejo só será colocado em vigor a partir do momento em que a obra esteja concluída".
Ainda de acordo com a nota, "antes dos eventos e logo após implementação do plano setorial de segurança, será efetuada uma vistoria aos recintos por parte da PSP e que os mesmos só serão abertos após confirmação de que reúnem as necessárias condições de segurança".
"O SSI encontra-se a acompanhar de perto a situação e a articular com a PSP as medidas necessárias a acautelar a segurança do recinto", acrescentou.
A instalação do artista português, intitulada "Walk of Shame" ("passadeira da vergonha", numa tradução livre para português), composta por reproduções `gigantes` de notas de 500 euros em sequência, foi divulgada pelo próprio na rede social Instagram, com imagens da produção e instalação no palco-altar no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo.
"Num estado laico, num momento em que muitas pessoas lutam para manter as suas casas, o seu trabalho e a sua dignidade, decide investir-se milhões do dinheiro público para patrocinar a `tour` da multinacional italiana. Habemus Pasta", pode ler-se na publicação do artista.
O palco-altar no Parque Tejo esteve envolvido numa polémica sobre o seu custo, que resultou, em fevereiro, na redução do valor de 4,2 milhões de euros para 2,9 milhões - assegurados pela Câmara de Lisboa.
Mais de um milhão de pessoas são esperadas em Lisboa para a JMJ.
As principais cerimónias da jornada decorrem no Parque Tejo e no Parque Eduardo VII, no centro da capital.
Segundo a agenda, o Papa Francisco irá estar duas vezes no Parque Tejo, no dia 05 de agosto, para uma vigília às 20:45, e no dia seguinte, às 09:00, para a celebração da Missa de Envio.