Ministro lamenta fúria "demoníaca" no Algarve: "Deus nem sempre é amigo"

por Christopher Marques - RTP
Luís Forra - Lusa

O Algarve, em especial Albufeira, faz contas aos estragos provocados pelo temporal que se abateu sobre a região no domingo. De visita à zona, o ministro da Administração Interna lamentou a perda de uma vida humana. “Entregou-se a Deus” afirmou Calvão da Silva, perante os estragos provocados pela “fúria da natureza”. O ministro elogiou quem acionou os seguros e aconselhou quem não tem a “reservar um bocadinho para no futuro ter seguro”.

Este domingo, o mau tempo assolou o Algarve. Em Albufeira, a água levou mesmo quase tudo pela frente, na tentativa de chegar ao mar. O temporal provocou prejuízos materiais avultados e roubou a vida a um homem de 80 anos.

O idoso tinha desaparecido em Boliqueime no domingo, tendo o cadáver sido encontrado por volta das 9h30 de segunda-feira, a cerca de 100 metros do local onde estava a viatura. O ministro da Administração Interna, de visita à região, enviou as suas condolências à família.


“Entregou-se a Deus e Deus, com certeza, que lhe reserva um lugar adequado. A família está determinada em continuar”, afirmou aos jornalistas o recém-empossado ministro da Administração Interna. Perante a tragédia, esta não foi a única referência metafísica do governante.

“A fúria da natureza não foi nossa amiga. Deus nem sempre é amigo, também acha que de vez em quando nos dá uns períodos de provação”, afirmou ainda. Uma fúria “demoníaca”, viria mesmo a classificar.

Apesar dos resultados, o ministro mostrou confiança na Proteção Civil, e rejeitou que os serviços não estivessem preparados. O alerta da Proteção Civil “funcionou com os níveis adequados”, garantiu.

“Portugal pode confiar nos serviços de Proteção Civil, que todos em conjunto merecem o apreço do ministro da Administração Interna, do Governo e do país".
Seguros e a "lição de vida"

Por enquanto, o contributo do Executivo resume-se à presença do governante. O ministro disse não estar em condições de avançar ou não com ajuda financeira e elogiou todos aqueles que têm já seguro.

“Verifiquei que há muita gente que diz que já accionou os seus seguros. Fantástico. As pessoas estão conscientes de que há outros mecanismos para além dos auxílios estatais”, começou por afirmar. O governante aconselhou quem não tem seguro a fazer um.

“Cada um tem um pequeno pé-de-meia. Em vez de o gastar a mais aqui ou além paga um prémio de seguro. Não imagina a quantidade de pessoas que falaram que já accionaram o seguro. Isto é uma lição de vida para todos nós.”


Calvão da Silva defendeu que “é bom reservar sempre um bocadinho para no futuro ter seguro”. O ministro garantiu, no entanto, que, caso os pressupostos legais se confirmem, o estado de calamidade pública será decretado.

O levantamento dos prejuízos será feito pelas autarquias e será posteriormente aplicado o que determinará a lei. “As leis são para cumprir e os requisitos legais têm de se verificar”, afirmou.

Perante a forte possibilidade do governo ser derrubado no Parlamento na próxima semana, Calvão da Silva admitiu que o apoio possa já ser facultado por um outro executivo.
 
“Vem com este ou com outro governo, na medida em que os requisitos legais se verifiquem”, afirmou. No entanto, Calvão preferiu sublinhar a importância da sua presença física, uma vez que as populações precisam de “ajuda imediata”.

“Uma palavra de solidariedade humana, de presença do governo, independentemente do horizonte temporal do governo. Estaria aqui hoje, mesmo que hoje à noite já não fosse ministro”.
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