Ministro da Saúde é candidato a coveiro do SNS e só deixa música celestial - Sindicato

por Lusa

O ministro da Saúde arrisca-se a ser o coveiro do Serviço Nacional de Saúde e a deixar como marca apenas "música celestial", considera o Sindicato Independente dos Médicos, que pede a Adalberto Campos Fernandes que "desça à terra".

Em entrevista à agência Lusa, o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Roque da Cunha, avisa o Ministério da Saúde que "os médicos já esperaram tempo demais" para ver concretizadas algumas medidas, temendo que o conflito com o Governo regresse mais cedo do que se previa.

A três dias de nova reunião negocial com o Ministério, o SIM refere que os sindicatos ainda não receberam qualquer contraproposta em relação às pretensões sindicais, que levaram a uma greve nacional a 10 e 11 de maio.

"Parece-me que o senhor ministro da Saúde está inebriado com o resultado das sondagens. Nós estamos muito apreensivos sobre a capacidade de ultrapassar alguns dos problemas que foram identificados na greve. Vamos esperar pela reunião de dia 20. Até lá, haja um descer à terra por parte do senhor ministro e deixe de estar extasiado com as sondagens ou com o seu discurso", afirmou Roque da Cunha.

O secretário-geral do SIM confessa estar surpreendido com a inação do Ministério depois de ouvir o ministro após a greve de médicos "a dizer que concordava com 90% dos motivos" da paralisação.

Limitação do trabalho suplementar a 150 horas anuais, em vez das atuais 200, imposição de um limite de 12 horas de trabalho em serviço de urgência e diminuição do número de utentes por médico de família são algumas das reivindicações sindicais, a par da contratação de mais médicos graduados.

"Quando ouvimos o ministro da Saúde parece que está a olhar para o espelho e que é o melhor dos mundos", afirmou Roque da Cunha.

O sindicalista considera que, fora do discurso mediático, em termos objetivos este Ministério não tem investido nos hospitais nem nos centros de saúde, além de se assistir a uma "diminuição dos recursos humanos".

"Tem feito muito pouco para melhorar o solidificar do SNS ou para criar condições para as pessoas não saírem. Por inação está a ser o coveiro do SNS", lamentou.

Roque da Cunha lastima ainda que os médicos tenham sido continuamente empurrados para a reforma, sobretudo os mais diferenciados, insistindo que os hospitais precisam de ser reforçados com assistentes graduados seniores, o topo da carreira médica.

Só entre 2005 e 2016 saíram em aposentação quase 1.500 graduados seniores e só perto de 250 foram repostos, segundo os números do sindicato.

O SIM diz que seriam necessários, de forma urgente, pelo menos mais 200.

O ministro da Saúde tem dito que tem sido contratado um número recorde de profissionais para o SNS, indicando que no segundo semestre serão lançados concursos para integrar mais 1.200 médicos.

Roque da Cunha contesta estas contas, dizendo que não se trata de contratações, mas sim de médicos internos que na prática já estão no SNS.

 

 

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