O primeiro-ministro aceitou o pedido de demissão da ministra da Administração Interna. Constança Urbano de Sousa argumenta que “estão esgotadas todas as condições” para se manter em funções e revela que logo após os incêndios de Pedrógão tinha pedido para sair. Na carta em que pede formalmente o seu afastamento, a ministra pede a António Costa que aceite o pedido “até para preservar a dignidade pessoal”.
Numa curta nota de dois parágrafos, António Costa agradece ainda publicamente a Constança Urbano de Sousa a "dedicação e empenho com que serviu o País no desempenho das suas funções".
"Preservar a minha dignidade pessoal"
O Governo envia ao mesmo tempo uma carta assinada por Constança Urbano de Sousa em que a até agora ministra da Administração Interna revela que depois dos incêndios de Pedrógão Grande tinha pedido ao primeiro-minsitro, "insistentemente", que a libertasse das funções de MAI.
A ministra diz ter dado ao primeiro-ministro “tempo para encontrar quem me substituísse, razão pela qual não pedi, formal e publicamente, a minha demissão. Fi-lo por uma questão de lealdade”, revelando que Costa lhe terá pedido para se manter em funções com o argumento de que “não podemos ir pelo caminho mais fácil, mas sim enfrentar as adversidades, bem como preparar a reforma do modelo de prevenção e combate a incêndios”.
“Manifestou-me sempre a sua confiança, o que naturalmente reconheço e revela a grandeza de caráter que sempre lhe reconheci”, diz Constança Urbano de Sousa.
No entanto, a ministra diz que na sequência dos incêndios deste fim de semana voltou a pedir que Costa aceitasse a demissão depois do período crítico, por considerar que “não tinha condições políticas e pessoais para continuar no exercício deste cargo”.
Tendo terminado o período crítico do combate aos fogos, e quando já estão a ser preparadas propostas para discutir no conselho de ministros extraordinário, a ministra considerou estarem “esgotadas todas as condições" para se "manter em funções, pelo que apresento agora, formalmente o meu pedido de demissão, que tem de aceitar, até para preservar a minha dignidade pessoal”.
A demissão surge horas depois de um discurso particularmente duro do Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, em que exigia ação ao Governo na sequência da última vaga de incêndios em que morreram pelo menos 41 pessoas.
Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que é preciso "abrir um novo ciclo", na sequência dos incêndios de junho e de domingo passado, e que isso "inevitavelmente obrigará o Governo a ponderar o quê, quem, como e quando melhor serve esse ciclo".
A saída da ministra da Administração Interna contitui a quarta alteração ao Governo de António Costa.