Milhares de docentes concentrados em Lisboa para marcha de protesto

por RTP

Milhares de professores de todo o país estão em Lisboa para mais uma manifestação exigindo melhores condições salariais e de trabalho. O Sindicato de Todos os Profissionais da Educação promete para esta tarde uma "gigantesca marcha" pela Escola Pública. O STOP mantém as críticas às propostas do Governo e pede a intervenção do primeiro-ministro e do ministro das Finanças.

(em atualização)

Antes da hora prevista para o arranque da marcha organizada pelo Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (STOP), já milhares de docentes de todos os níveis de ensino estavam na Avenida 24 de julho, em Lisboa, erguendo cartazes com as suas reinvindicações e protestos.

Depois de uma marcha de mais de três quilómetros, milhares de professores e funcionários concentraram-se em frente ao Palácio de Belém exigindo "respeito" e melhores condições laborais. O coordenador do STOP estima que mais de 100 mil pessoas participaram na manifestação, um "mar de gente" que aderiu ao protesto marcado há uma semana contra os serviços mínimos nas escolas.

Seis representantes, de docentes e não docentes, foram recebidos por consultores para a área da Educação da Casa Civil do Presidente da República, no Palácio de Belém.

André Pestana salientou o facto de um "mar de gente ter aderido ao protesto que foi marcado apenas há sete dias", na passada sexta-feira, quando o STOP tomou conhecimento que a tutela pretendia que fossem estabelecidos serviços mínimos nas escolas caso as greves continuassem em fevereiro.

"Guardião da Constituição, pedimos a sua intromissão" é uma das mensagens de uma docente que participa no protesto que vai terminar em frente ao Palácio de Belém, onde os professores esperam ser ouvidos por Marcelo Rebelo de Sousa.

A marcha deste sábado é em resposta à decisão do Tribunal Arbitral, que na sexta-feira decretou serviços mínimos para as escolas na sequência da imprevisibilidade das greves decretadas pelo STOP. Os serviços mínimos abrangem professores, pessoal não docente e técnicos superiores, visando garantir apoio a determinados grupos de alunos.

O líder do STOP considera os serviços mínimos um "ataque à democracia" e uma medida desesperada para acabar com os protestos do pessoal docente e não docente.

Já a Confederação de Pais e os responsáveis pelas escolas públicas aplaudem a decisão do Tribunal Arbitral ainda que com dúvidas sobre se o despacho pode ser aplicado em todas as escolas, por falta de auxiliares.

Os professores que hoje se manifestam em Lisboa gritam contra uma "escola depósito" e uma "escola restaurante", defendendo uma "escola para aprender e ensinar".

Na primeira reunião, o STOP recusou a proposta do ministério, mas um colégio arbitral decidiu na sexta-feira que os serviços mínimos avançavam para as greves convocadas para fevereiro pelo STOP.

Entretanto decorrem outras duas greves, uma promovida pelo SIPE e outra por uma plataforma de sindicatos, da qual constam as duas maiores estruturas sindicais da área da educação: Fenprof e a FNE.

Os motivos dos protestos e greves iniciados em dezembro prendem-se com a proposta do Ministério da Educação para um novo modelo de recrutamento e colocação de professores, mas também para exigir a recuperação dos mais de seis anos em que os professores trabalharam mas viram a sua carreira congelada ou o fim das vagas de acesso ao 5.º e 7.º escalões.

O STOP exige um aumento mínimo de 120 euros para todos os que trabalham nas escolas. Os docentes pedem a devolução do tempo de serviço congelado e o fim das quotas e vagas de acesso aos 5.º e 7.º escalões. Questionado pela Lusa sobre quais as condições necessárias para suspender as greves, André Pestana salientou que essa "não é uma decisão do STOP. São os milhares de pessoas que estão hoje a na rua que vão dizer quando parar".

A manifestação de hoje é a terceira convocada pelo STOP desde dezembro. Além desta marcha, também a plataforma de estruturas sindicais agendou uma outra para dia 11 de fevereiro.

c/Lusa
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