Mais de milhão e meio de portugueses tem fungos nas unhas das mãos e nos pés (onicomicoses), mas os especialistas estimam que este número seja muito maior, pois os doentes desconhecem a patologia e não recorrem ao médico.
De acordo com o dermatologista Rui Tavares-Bello, do Hospital Militar de Belém, "o diagnóstico precoce e o tratamento adequado permitem limitar a disseminação da infecção", apesar de "muitas vezes as mulheres idosas, antes de se deslocarem ao médico, recorrerem a remédios caseiros como limão, vinagre, ou tintura de iodo", métodos que "não tratam a doença".
Os primeiros sinais da doença são a modificação da cor da unha (amarelada ou esbranquiçada), o seu espessamento, com aparecimento de depósito (tipo farinha) por baixo da unha, com engrossamento progressivo e alteração da forma, segundo o dermatologista Osvaldo Correia, do Centro de dermatologia "Epidermis".
Este especialista afirma que é frequente a auto-medicação, com utilização de cremes inadequados, por vezes com corticosteróides, para aliviar o prurido das micoses da pele, bem como o uso de esfoliações ou polimento das unhas, com utilização irregular de cremes ou vernizes.
"Estes tratamentos são frequentemente insuficientes para tratar as onicomicoses, que envolvem a raiz da unha, e acabam, muitas vezes, por prolongar e agravar estas afecções", adianta.
Como medida de prevenção desta doença, o especialista Rui Tavares-Bello recomenda "uma boa higiene dos pés e do calçado com a necessidade de preservar um ambiente seco, que dificulte a proliferação dos fungos, leveduras e bolores".
"O calçado deve ser ajustado às características do indivíduo, que deve optar por sapatos arejados, frescos e de sola de couro, em detrimento de calçado oclusivo de sola de borracha e forros de materiais plásticos ou sintéticos", acrescentou.
Osvaldo Correia alerta para o facto das onicomicoses não serem apenas um problema estético, pois podem originar problemas físicos (dores e desconforto ao andar) e psicológicos (com perda da auto-estima, ansiedade e isolamento social), assumindo "um importante problema de saúde pública".
As onicomicoses não tratadas "favorecem infecções associadas bacterianas e constituem um foco potencial de contágio para o próprio, para a família e para a comunidade", afirma.
Para o médico Rui Tavares-Bello, "a dimensão do problema exige um empenhamento geral da comunidade médica, incluindo várias especialidades e com especial enfoque na medicina geral e familiar".
Isto, porque "o diagnóstico precoce e o tratamento adequados estão apenas ao alcance dos médicos, já que alterações ungueais podem ser a expressão de outras doenças da pele ou de doenças sistémicas".
O papel do dermatologista é, por isso, "crucial neste domínio, já que ele tem conhecimentos e treino adequados que lhe permitem diagnosticar outras doenças das unhas que de outra forma seriam diagnosticadas erradamente como onicomicoses e formação para empreender uma estratégia terapêutica de nível individual e colectivo, essencial para dominar um problema crescente de saúde pública", dis se.
Numa fase inicial, a utilização adequada de alguns vernizes antifúngicos poderá ser eficaz em cerca de 75 por cento das onicomicoses.
Em fases mais avançadas, em que há envolvimento da raiz ou de mais de 50 por cento da unha, há igualmente a necessidade de tratamento combinado com com primidos ou cápsulas antifúngicas.