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Miguel Albuquerque não se demite da liderança do Governo regional

por Andreia Martins - RTP
Homem de Gouveia - Lusa (arquivo)

O presidente do Governo regional da Madeira garantiu que não se demite mesmo que seja constituído arguido e diz-se de "consciência tranquila". Em declarações aos jornalistas, Miguel Albuquerque garantiu que irá colaborar com a justiça e sublinhou que a existência de um inquérito "não diminui os direitos de ninguém".

Na sequência das buscas que decorrem esta quarta-feira na Região Autónoma da Madeira, o presidente do Governo regional garantiu esta tarde que a possibilidade de apresentar a demissão não está em cima da mesa.

Miguel Albuquerque considerou que a abertura de um inquérito "não diminui os direitos de ninguém, nem diminui muito menos os direitos dos titulares de cargos políticos, em primeiro lugar de se defenderem, em segundo lugar de continuarem a trabalhar".

"Eu não me vou demitir porque eu vou colaborar no esclarecimento da verdade", vincou. "Tenho direito como qualquer cidadão de não ser suspeito eternamente. O pior estatuto que podemos ter na vida pública e na vida pública (…) é ser suspeito", acrescentou Miguel Albuquerque em declarações aos jornalistas na Quinta Vigia, sede da Presidência do Governo Regional, no Funchal.

Questionado sobre se admite demitir-se caso seja constituído arguido, Miguel Albuquerque adianta: "Se eu for constituído arguido é um estatuto que me é conferido para me defender”.

Apelando a um inquérito rápido e que não se "perpetue", Miguel Albuquerque considerou que "o estatuto de suspeito é um estatuto que minimiza os direitos de cidadania e os direitos de liberdades e garantias dos cidadãos".

"A constituição do arguido é um estatuto que é conferido pela lei para as pessoas se puderem defender e, sobretudo, apresentarem os contra-argumentos", vincou

Em resposta aos jornalistas, explicou que o inquérito incide "sobre um conjunto de obras públicas que foram adjudicadas" em concursos, incluindo o concurso para a construção do teleférico do Curral das Freiras e o processo de licenciamento da Praia Formosa e ainda sobre o processo de abertura do concurso para os transportes públicos urbanos e interurbanos na Madeira.

"Todos os elementos solicitados serão e estão a ser dados às autoridades competentes. Nós colaboramos com a justiça e estamos de consciência tranquila", adiantou o líder do Governo regional. 
"A mim ninguém me compra"

Miguel Albuquerque fez questão de defender a sua atuação ao longo dos vários anos como político. "Fui 19 anos presidente da Câmara, estou quase há nove anos como presidente do Governo, nunca fui acusado de nada e sempre tive a minha independência económica e sempre tive uma postura correta perante os empresários e perante a sociedade", considerou.

"Do meu ponto de vista não houve corrupção nenhuma. Nunca tive nenhum caso de corrupção na minha vida nem vou ter, a mim ninguém me compra. Nunca roubei nada a ninguém, nunca pedi dinheiro a ninguém, nunca ninguém me comprou", declarou.

Sobre o autarca do Funchal, detido na sequência do inquérito, Miguel Albuquerque afirma não ter quaisquer informações sobre o processo de Pedro Calado mas adianta que "detido é uma palavra que pode ter várias interpretações” e que pode ter sido "detido para ser ouvido".

"É um político com grande qualidade. Tem feito um trabalho extraordinário no funchal e com certeza não precisa de advogados de defesa. À semelhança do que acontece comigo esclarecerá todas as questões que tem que esclarecer", considerou.

Recusou também qualquer tentativa de influência junto da imprensa: "Obviamente nunca condicionei nenhum órgão de comunicação social", vincou.

Miguel Albuquerque acredita que continua a ter a confiança do eleitorado: "Os madeirenses conhecem-me há bastante tempo, há muitos anos", disse.

Para já, a única consequência política destas buscas é o adiar da apresentação das listas. "Com este clima é óbvio que não temos condições, neste momento enquanto estão a decorrer estas averiguações e os inquéritos, de apresentar listas nenhumas. Vamos apresentar para a semana", adiantou.

Recusou que os "casos e casinhos" tenham chegado à região autónoma, mas admitiu que a abertura deste inquérito pode "servir como arma de arremesso" contra o PSD na campanha às eleições legislativas.
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