“Pluralismo de opiniões e de soluções” no Parlamento e um governo que assegure “previsibilidade para as pessoas e os seus projetos de vida”. Foram estes os desejos enunciados pelo presidente da República na tradicional mensagem de ano novo. Marcelo Rebelo de Sousa voltou a sustentar, na noite de sábado, que o país deve “consolidar o percurso para a superação da pandemia”.
“Uma Assembleia da República que dê voz ao pluralismo de opiniões e soluções, um Governo que possa refazer, também ele, esperanças e confianças perdidas ou enfraquecidas, e garantir previsibilidade para as pessoas e para os seus projetos de vida”, enumerou Marcelo Rebelo de Sousa.
Naquela que foi a quinta mensagem de ano novo desde que tomou posse como presidente da República, em 2016, Marcelo Rebelo de Sousa dedicou boa parte do discurso ao quadro da pandemia no país, afirmando que é necessário “virar a página”. Mensagem de ano novo do presidente da República na íntegra
“O ano que findou prometia ser um fim e um recomeço, mas não foi. Esboçou esse recomeço, tarde e timidamente. O ano que hoje iniciamos tem de virar a página, consolidando, decidindo, reinventando, reaproximando. Retomemos a caminhada juntos”, exortou.
“Superação da pandemia”
Marcelo colocou a tónica na necessidade de “consolidar o percurso para a superação da pandemia”, assinalando que o período entre janeiro e março será o “tempo crucial” para encerrar “um capítulo da história”.
“Estamos encaminhados, mas falta o fim dos fins. Janeiro a março será o tempo crucial para que o inverno ajude a fechar um capítulo da nossa história, e converta preocupações e aflições em esperanças e confianças”.
Ainda segundo o presidente, o país terá de rever “as vidas congeladas, adiadas, trucidadas pela pandemia”, desde logo por meio dos fundos europeus, “que são irrepetíveis” e devem ser implementados “com transparência, rigor, competência e eficácia, combatendo as corrupções e os favorecimentos ilícitos”.
Cinco ideias
Foram cinco as expressões que deram forma ao discurso do presidente: “consolidar, decidir, reinventar, reaproximar, virar a página”.
Marcelo Rebelo de Sousa pediu também que se redescubra a solidariedade e se cuide “dos mais sacrificados pela pandemia, pelo desemprego, pela insolvência pela paragem da vida”, designadamente “os mais idosos, os mais doentes, os portadores de deficiência, os desamparados na escola, na busca de profissão ou de casa, na integração numa sociedade diversa”.
“Em particular, olhando para as crianças, cujo futuro tem ficado esquecido pela prioridade dada aos chamados grupos de risco. Elas e eles, todos aqueles que vivem no passeio sem sol da rua da nossa vida comum, vão demorar muito mais tempo a aprender a reviver após o que sofreram”.
Num balanço de 2021, Marcelo disse que os primeiros seis meses “foram, aqui e lá fora, mais duros do que em 2020, em pandemia, paragem económica, crise social, descompensação nas pessoas e desgaste nas instituições”.
“Resistimos, contivemos, vacinámos, reabrimos escolas presenciais, pusemos a economia a arrancar, exportámos, recebemos turistas outra vez, ensaiámos começar de novo”, enfatizou.
“Recuperar o tempo perdido”
O presidente da República vincou que a pandemia da covid-19 “teimou em persistir no final do ano”. E quis sublinhar que o crescimento das infeções obriga o país, “serena, mas teimosamente, a testar, a vacinar, a resistir” e a “aprender a conviver” com o coronavírus: “Com a paciência de quem já viveu quase 900 anos. Já perdeu, já recuperou a independência, já teve milhentas crises, ultrapassou-as o melhor que pode e soube. Mas, desta vez, tem muito mais a fazer para recuperar o tempo perdido”.
Marcelo afirmou que “2022 tem mesmo de ser ano novo, vida nova, num mundo com menos pandemia, mais crescimento, menos pobreza, mais empenho nos desafios do clima”.
“Menos egoísmo de povos e Estados, mais atenção ao custo imediato da vida, da energia e dos bens básicos, numa Europa com mais convergência, menos esperas, mais reconstrução, menos desigualdades, mais aposta na juventude, menos solidão para aqueles já não jovens, sobretudo nos países em rápido envelhecimento”, completou.
O presidente da desejou, por último, um bom ano para todos os portugueses "e em especial para as Forças Armadas, as forças de segurança e os civis” que se encontram em “mandatos que prestigiam” o nome de Portugal “nos cinco continentes”.
“Eu estou presente mais do que nunca, conto convosco mais do que nunca. Bom 2022 para o nosso Portugal, para cada uma e cada um de todos vós, que bem o mereceis”, rematou.
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