Meningite - Director hospital de Amarante diz que menina teve doença fulminante

por Agência LUSA

O director clínico do hospital de S. Gonçalo, em Amarante, onde foi inicialmente assistida a criança de três anos que hoje morreu no Hospital de São João, disse à Lusa que a menina foi vítima de uma "meningite fulminante".

Questionado sobre o atendimento e o diagnóstico feito à criança no domingo de manhã, quando foi pela primeira vez à urgência, Alberto Gouveia informou que a menina apresentava apenas um quadro de febre (38 graus), já tinha sido medicada pela mãe e não apresentava sinais de meningite, nomeadamente manchas no corpo ou rigidez cervical.

Segundo o clínico, foi recomendado aos pais que ficassem vigilantes e que, ao aparecimento de qualquer sintoma, recorressem de novo ao hospital.

A criança, segundo os familiares, brincou ainda durante o dia, mas ao fim da tarde voltou a sentir-se mal e foi transportada de novo à urgência do S. Gonçalo, onde entrou cerca de 21:00.

Desta vez, já foi vista por um pediatra, que, segundo o director clínico, pediu exames complementares, apesar de o quadro apresentado pela criança ainda não mostrar sinais da doença.

"Não havia sinais de meningite, apenas algumas manchas. As suspeitas, nesta altura, cerca das 22:00 de domingo, até apontavam para a febre da carraça, habitual nesta zona onde há muitos cães e caçadores", disse Alberto Gouveia.

Uma hora mais tarde, na posse dos exames, o pediatra que assistiu a menina entrou em contacto com os colegas do hospital de S.

João e, perante o quadro em desenvolvimento, foi decidido aplicar "uma terapia de antibiótico largo".

Cerca das 00:30 de segunda-feira, a menina foi transportada para o hospital do Porto, onde ficou internada.

Alberto Gouveia relatou ainda que a equipa médica que tinha assistido a criança contactou na manhã de segunda-feira o serviço de infecto-contagiosas do S. João e ficou a saber que a doença evoluiu muito rapidamente, com falência de órgãos, pelo que a criança entrou em coma e teve de ser ligada ao ventilador.

"Tratou-se de um caso fulminante, sem dúvida", repetiu o clínico, salientando que "não pode medicar-se uma criança com antibióticos só porque apresenta um quadro de febre de 38 graus, como acontecia na primeira vez que veio à urgência".

Segundo Alberto Gouveia, trata-se do primeiro caso de meningite que passou este ano pelo hospital de Amarante, embora todos os anos surjam alguns casos, a maioria sem a evolução grave que este teve.

Sem acusar directamente o hospital, o avô da criança, Joaquim Ferreira, lamentou que "na primeira ida ao hospital o médico que a atendeu não tivesse logo feito o diagnóstico correcto".

O avô reconhece, porém, que a criança ainda brincou e aparentava normalidade no intervalo das duas idas ao hospital.

A menina de três anos de Amarante, que residia com familiares em Marantinho, Fregim, faleceu hoje à tarde no hospital de S. João, após cinco dias de internamento.

As cerca de 60 crianças que frequentavam o mesmo jardim-de-infância foram medicadas, mas o estabelecimento de ensino não foi encerrado "por não existir o perigo de contágio", segundo assegurou aos responsáveis da creche a delegada de saúde local.

A criança adoeceu durante o fim-de-semana e o último contacto com os colegas tinha ocorrido na sexta-feira à tarde.


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