Os médicos iniciaram à meia-noite desta terça-feira uma greve nacional de três dias, depois de falhadas as negociações com o Ministério da Saúde. Sindicatos e profissionais consideram que se trata de defender o Serviço Nacional de Saúde.
Uma das reivindicações é a revisão das carreiras dos médicos, dando-lhes maior poder para formar novos especialistas em falta.
Pedindo a compreensão dos utentes durante os três dias, os médicos querem uma redução do número de horas feitas nas urgências, redução do trabalho suplementar e redução das listas de utentes dos médicos de família.
Os sindicatos pedem que o número desça até aos 1500 utentes, estando neste momento nos 1900. São pedidas também revisões salariais e o descongelamento da progressão da carreira. A greve é feita também porque os médicos querem a criação de um estatuto profissional de desgaste rápido e de risco.
O Ministério da Saúde será esta terça-feira o palco de manifestações por parte da FNAM. A paralisação só termina às 24h00 de quinta-feira e irá afetar primordialmente consultas e cirurgias que já estavam marcadas. Foram decretados serviços mínimos para as urgências, tratamentos de quimioterapia, transplante, cuidados paliativos e outros serviços.
Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, mostrou o seu apoio à greve por considerar que existem “razões objetivas” por parte dos profissionais para a realizar e que participar na paralisação trata-se de uma defesa da qualidade dos serviços de saúde.
"Não havia qualquer alternativa"
Jorge Roque da Cunha, do Sindicato Independente dos Médicos, sustentou à RTP que não havia qualquer alternativa à paralisação de três dias.
"Fizemos todos os possíveis para que esta greve não ocorresse. Os doentes que não vou ver estes três dias no meu Centro de Saúde sabem que vou ter de os ver nos próximos 15 dias ou três semanas".
Roque da Cunha defendeu que os utentes estão conscientes de a greve é feita "para os defender", para que no futuro sejam melhor acompanhados e lembrou que tem maior consideração pelos doentes do que o ministro da Saúde.
"Nunca se investiu tão pouco no Serviço Nacional de Saúde. Vários especialistas reconhecem, há vários anos, que a saúde está subfinanciada e não há outro tipo de hipóteses que não seja partir para esta greve.
Relançamento do investimento na saúde
Quem o diz é Adalberto Campos Fernandes, que acredita que nos últimos nove anos a saúde sofreu um grande desinvestimento.
"Nós estamos, neste momento, a concretizar o relançamento mas qualquer pessoa compreenderá que não se consegue em dois anos recuperar um desinvestimento de dez anos".
O ministro da Saúde revelo que o Governo tem uma frente de investimento "enorme" nos cuidados de saúde primários e hospitalares.
"É injusto, para não dizer que não é verdadeiro, falar sem contrapor os factos em desinvestimento".
c/ Lusa