A Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM) pondera recuperar o antigo projeto da Aldeia do Médico, idealizado há mais de uma década, mas que não avançou por limitações financeiras.
"Este projeto não está esquecido, mas não poderemos avançar sozinhos e estamos a trabalhar numa parceria com alguém do setor da hotelaria", adiantou à agência Lusa o presidente Manuel Teixeira Veríssimo, que pretende resgatar o projeto e introduzir-lhe algumas novidades.
A Aldeia do Médico, concebida pelo então presidente da SRCOM José Manuel Silva - antigo bastonário e atual presidente da Câmara de Coimbra - previa a construção de residências e de um centro de dia, destinados aos médicos de todo o país, numa quinta de cerca de 11 hectares na freguesia de Trouxemil, concelho de Coimbra.
Segundo Teixeira Veríssimo, que cumpre o primeiro ano de mandato na SRCOM, a intenção na altura era fazer uma aldeia para os "médicos mais velhos, mas o projeto acabou por ser um pouco abandonado por se entender que não tinha viabilidade financeira para ser concretizado, já que em 2012 estava orçado em 11 milhões de euros".
O dirigente entende que o projeto não se deve destinar só a médicos com mais idade, mas também a clínicos jovens, fazendo uma "verdadeira aldeia do médico".
"Este é um desafio que está ainda no ar, mais difícil de concretizar, mas mais ambicioso e compensador. A nossa ideia é recuperar projeto, mas temos de ter os pés bem assentes na terra", vincou.
No âmbito da sua atividade, a SRCOM prepara uma grande aposta na área da literacia em saúde e vai continuar empenhada na formação dos médicos.
Manuel Teixeira Veríssimo assumiu que pretende apostar muito na literacia, "no sentido de as pessoas entenderem a cuidar da sua saúde".
"Essa é uma intenção nossa", sublinhou o dirigente, considerando que é preciso apostar na informação para que as pessoas se vacinem, sobretudo contra a gripe e covid-19, cujos vírus são responsáveis pela grande afluência hospitalar no período de inverno.
A formação médica assume igualmente uma grande importância para a SRCOM, que pretende continuar a desenvolver ações formativas dentro e fora das suas instalações, sempre com a preocupação dos médicos "responderem melhor às exigências da população e evoluírem no seu conhecimento e na carreira".
A SRCOM criou 11 gabinetes de apoio ao conselho regional, um deles dedicado à formação, que "tem grande atividade", outro de apoio ao médico destinado a auxiliar clínicos em situação de stress e `burnout", e outro dedicado ao envelhecimento saudável, que está a produzir dossiês de orientação e boas práticas.
"Estamos também a pensar em abrir o apoio ao médico virado para o médico mais velho, que, por vezes, tem necessidades", adiantou Teixeira Veríssimo, salientando que a Ordem dos Médicos já tem um fundo de solidariedade de apoio aos profissionais em dificuldade.
Além de estar pensada uma residencial para médicos, a SRCOM pretende criar um serviço de apoio ao domicílio para médicos necessitados, através da contratualização com uma empresa.
A investigação assume também papel de destaque na secção regional, que tem em funcionamento um gabinete dedicado, estando previsto este ano o lançamento de um prémio pecuniário neste setor, de cerca de 10 mil euros.
Por outro lado, a SRCOM prepara um investimento maior na área cultural, de forma a cativar médicos para a música e para a pintura, com possibilidade de ser criada uma orquestra e um ateliê de artes plásticas, que se juntariam ao já existente grupo coral.
Professor jubilado da Universidade de Coimbra, Manuel Teixeira Veríssimo, de 71 anos, foi médico de Medicina Interna e dirigiu o Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro -- Hospital Rovisco Pais, na Tocha (Cantanhede), e o Hospital Distrital da Figueira da Foz.
Foi eleito em janeiro de 2023 presidente da SRCOM, em lista única, sucedendo no cargo ao atual bastonário, Carlos Cortes.